sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Chroming OS e Cloud Computing

Se você por acaso estiver pensando que diria que o título é fabuloso, tão logo soubesse o que significa, isso seria muito pertinente.

Por exemplo, 1 GB significa mais do que simples “1 milhão de kilobytes”, significa uma mudança de padrão e cultura muito rápida. As pessoas precisam associar ao que é “bom” nos dias de hoje, de acordo com os padrões atuais. Não faz muito tempo que grande significava 800 MegaBytes, grande, hoje, significa 8 GigaBytes – e se disser “800 mb” não vai ser tão assustador quanto há 15 anos atrás.

Exemplo, onde estão os disquetes de 1,44 mb e 2 reais? Por uma bagatela você compra um pendrive de 1 GB, e que não trava, nem fica fazendo “tec tec tec”.

E é isso que queremos dizer por estes termos, “Computação em nuvens”, a vida de cada um deveria ser Cloud Computing, nada pertence a nós, mas o que precisamos, sempre está lá, basta entrarmos com o login e senha. O novo sistema operacional do Google pretende diminuir nosso tempo de espera para ligar o computador e abrir a conexão.

Uma coisa de que, qualquer um que tenha a manha de ficar mexendo com o mouse e brincando com os ícones do desktop enquanto o computador carrega vai sentir falta, é da lentidão. É verdade que ficamos todos ansiosos por acessar logo nossa conta de e-mail para ver as novidades, contudo, essa rapidez vai ter que compensar com novos recursos – ou opções sem muita utilidade como plano de fundo, resoluções, temas – essas coisas deixam certo sistema mais divertido.

A computação em nuvens é divertido enquanto é uma novidade, mas quando as coisas se tornarem só em nuvens, vamos sentir um vazio digital, se é que me entende. As coisas online são um espelho do mundo, e a medida que o tempo passa, a Internet se torna mais parecida com nossa interação real, tornando-a mais diversa e também intuitiva.

Diminuímos as distâncias e não apenas isso, tornamos essa aproximação agradável, compartilhamos os mesmos interesses, e conhecemos diferentes modos de vida.

A paz e a segurança da humanidade só será assegurada, como ensinam as Palavras de Bahá’u’lláh, somente quando sua unidade estiver firmemente estabelecida. Cloud Computing é mais um passo para a simplificação do acesso à rede mundial de computadores, e para a unidade dos povos.

sábado, 21 de novembro de 2009

Expansion. Day One.

“eis que o rouxinol do paraíso canta sobre os ramos da árvore da eternidade.” Bahá’u’lláh

Muita expectativa e Reflexão é do lado de fora

– Quando o sol despontou no horizonte, pude ser derrubado da cama e de um sono profundo. Aquele que nos diz “hora de acordar”, e concordamos em pensar “tenho que acordar”, e então vamos direto lavar o rosto. Deu-me a entender que seria um dia promissor, e quase sabia o motivo, por que não? O primeiro dia da fase de expansão é um motivo, “o dia promete”.
No contexto, o sol despontando no horizonte significa “o sol lá em cima! Não volte a dormir!”.

Será que todo dia é fase de expansão? Só tem um jeito de descobrir, e o jeito é esperar chegar 3 da tarde em um sábado. O cedo da questão era cobrir a ABC logo pela manhã, arrumar as coisas que deveriam ser arrumadas há 3 dias no último minuto, e sair em um dia meio nublado e meio ensolarado, e as nuvens passando rápido como se dissessem “ei, hoje o dia promete!”.

Claro que promete, e a ABC foi “uma maravilha”, e depois disso um clássico strogonoff com arroz e batata palha no almoço, fechando a expectativa da manhã. Ótimo, daqui a pouco é 3 !

Chegando a tempo no local e encontrando os amigos fomos nos acalmando aos poucos. É interessante quando o dia está ensolarado e algumas gotas quase imperceptíveis dão aquele apontamento “chuva?”. A primeira pessoa ao nos receber logo notou “veja o arco-íris”, pois é interessante quando o arco-íris atravessa o céu azul com algumas nuvens escuras – mas então ali primeiro estavam a união das luzes de todas as cores. A segunda um encontro tão agradável quanto amigável, (tanto quanto o primeiro), e todos se dão bem com a cortesia dos dias quentes “aceita uma água”, ou “um suco?”. Obrigado, thanks!


O terceiro cercado de crianças e um campo de futebol que elas jogavam, finalizando com um notável e longo por-do-sol que dizia “eis aqui”. Sim, eis aqui estava seu dia promissor. E além disso, tínhamos a nova expectativa de levar a chave para aqueles que ficaram esperando do lado de fora – e chegando lá, percebemos para nossa felicidade que certamente estava tendo a Reflexão como programado, mas do lado de fora.

Amanhã, Day Two, e o dia promete!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Jarinú City

Disseram que no final do arco-íris tem um pote de ouro, mas de qual lado estamos falando? Sei que do lado esquerdo existe uma escola de direção, na última rua, do bairro Bonanza de Jarinú, SP.

"O segundo melhor clima do mundo", diz a placa do centro da cidade, e com tantas subidas e descidas, nossa visão de mundo mudava literalmente. As vezes via-se as coisas de cima, e as vezes de baixo.

Como dizia o amigo "está tudo sob controle! Só não sei de quem", lá pude conhecer pessoas sensacionais da qual não se pode esquecer, um profundo significado cultural e também humorístico, para quem dizemos "está O. K." ou "não vejo problemas", com um leve sotaque alemão.

Para os lugares que visitamos não tenho dedos o suficiente para contar, embora não tenhamos visitado a esquina da Ipiranga com a avenida São João, fomos desde a 25 de março, passando pelo Shopping Parque Dom Pedro, até o restaurante Dona Nilza, entre outros.

Se foram dias felizes? Acredite, lá fica o pé do arco-íris, e quando você sobe a colina e vê o pôr-do-sol, assiste pica-pau no fim do dia, e ainda joga GP via rede wireless a noite, é hora de uma "celebração", "claro, temos que celebrar!". Desde que o "ser" não fique "apitando" logo pela manhã com seu olhar atravessado em sua expressão pesarosa de um canino desconsolado.

Mas se alguma coisa estiver perdida, não tema, pois certamente estará em algum lugar na pequena bolsa da minha irmã, que tal qual uma cartola, basta revirar para encontrar milagrosamente o objeto procurado.

A última rua do Bonanza, ou quase, havia uma estrada de terra pequena, que passava por algumas poucas casas, e se adentrarmos um pouco mais, era cercada de árvores, e um pequeno regato de água. Este é um atalho que dá para o centro da cidade.

Se não levou fé sobre o arco-íris, digo que apenas recordo do dia que uma chuva de poucos minutos causou uma enxurrada, e deixou a pequena árvore da frente encoberta por alguns centímetros, e logo tudo estava como antes. Durante a chuva, havia uma ótima impressão de que o arco-íris terminava bem na rua. Coisas que são curiosas, não?

Já disse o Rambo, "viva por nada, ou morra por alguma coisa" - e tantas coisas para recordar, e assim escrever. Na pequena cidade de Jarinú onde estive por 8 meses, o lugar que o peso das mãos de Deus me fez calar para sempre! Pois longe de ser como o Rambo, nem tão forte e nem tão filosófico, sei que tudo pertence a Deus, e com o tempo vamos entregando com alegria tudo o que dEle recebemos, até que possamos devolver a própria vida. Se foram dias espirituais, os últimos foram mais ainda.

Para Ruth e Thiago, meus irmãozinhos ;)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Os melhores jogos do universo

Do Pac Man ao Prototype (Beta)

O título é mais para dar uma 'valor',

A vida esta repleta dessas coisas, wireless, bluetooth, blu-ray, multiplayer, mmorph, resumindo, a vida é como um videogame, tem todos essas modernidades e as vezes você pode dar reset. Quando não se tem nada para fazer em um dia frio, o melhor é pegar a coberta, e ligar o videogame.

Os jogos tomaram espaço no ramo do entrenimento. O GTA 4 , por exemplo , faturou 500 milhões de dólares só na primeira semana do lançamento. Se estamos na era do videogame, cade o meu?

Proganda, montanha de gente

O videogame começou mesmo foi na época da guerra, mas não no campo de batalha; e o interessante é que entre os melhors jogos atuais, alguns deles são de guerra.

O exército americano produziu há algum tempo um jogo de simulação de guerra, e agora está disponível para download; embora sinistro, a idéia era de treinar os jovens para a guerra sem que eles soubessem disso. Há um tempo atrás, eles daptaram processadores de Playstation 2, por se considerar que um desses equivalia a 5 ou mais PCs da época. Não é que videogames e guerras estejam relacionados (também), isso mostra como evoluímos na capacidade de processamento de vídeo.

Battlefield 2 - Jogo de Guerra

Mas a guerra fez aperfeiçoarem mais coisas, como a medicina, a computação, comunicação, transporte, e a vantagem das leis, dos tratados, dos direitos humanos, entre tantos outros - o videogame estava entre elas. Mas podemos dizer que é por causa da paz que essas coisas existem, a guerra é devastadora, mas a paz é mais poderosa, é criativa e unificadora, assim foram descobertos e aperfeiçoados o que temos hoje. Foram 2 guerras mundiais e 1 guerra fria (quase a 3ª), isso deve ser muito desgastante, imagino.

"Grande poderes trazem grandes responsabilidades" homem aranha

E o ramo dos jogos se tornaram cinematográficos, que parecem filmes interativos (e vice-versa?). O Half-Life (1998) foi revolucionário dos jogos de primeira pessoa, na qual você não apenas atira nos inimigos, você é conduzido pela história - foi tão revolucionário quanto o Doom (1993) dos jogos de tiro. Segue o vídeo ("pensamento do personagem não faz parte do jogo"):

Half-Life 1 Gameplay

O Half-Life 2 foi ainda mais revolucionário por sua nova engine - não me pergunte o que é isso. Contudo, Crysis e Far Cry, com um engine (Cry Engine) fantástico, trouxeram uma realidade inédita no ramo dos games.

Depois outros apareceram, até o Spielberg participou com o Medal of Honor (1999). O Call of Duty é um bom exemplo de jogo filme. Se o pessoal gosta e tem bom roteiro, vira filme, como o Resident Evil (1996) ou o Max Payne (2001), Silent Hill e etc. Alguns filmes viram jogos também, as vezes filme e jogo surgem ao mesmo tempo.

NBA 10 para Playsation 3


quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Clima

Se está bem quente? Está... Se existem 4 astações com características dominantes? Mas isso não acontece muito por aqui, fora nas regiões extremas.Nossa realidade é assim: dezenas de estações intercaladas, e nunca no mesmo período do ano subsequente. As previsões do tempo não são propositalmente imprecisas, é que sejam imprecisas,apenas invertidas, se é sol, é chuva, e vice-versa, quando não se torna uma tempestade de granizo, ou um furacão extra-tropical.

Nós estamos no Brasil, meu caro alguém, sensação térmica? Isso varia entre -20º a 60º C (na sombra), brincadeira, inadvertidamente, a mínima pode ser de 2º C, podendo chegar até 45º C. E se a chuva é prevista para cair durante o ano, em um mês o problema ta resolvido, um mês? Depende do lugar né, tem lugar que 2 dias a meta já está cumprida.

Agora falando da cidade da garoa, lembra? São Paulo, a cidade da garoa, da chuva ácida, e da inversão térmica, da enchente, e outras características locais. Qual é a característica aí da sua região? É quente e ensolarado? Aqui o clima é mais ameno [em termos jurídicos]: é procedente afirmar que a temperatura ambiente do tema corrente está de acordo com as normas incluídas neste discurso, pondendo pretender ao juri e ao leitor que a temperatura tende a aumentar gradativamente até atingir seu ápice ao meio dia.

Mas se você for para Bahia, não vai mais voltar (Zé Carioca).

Mas a questão é, o clima externo afeta nosso humor? E se assim for, será que o contrário também acontece? A chuva, por exemplo, você pode atrair de diferentes modos, quando deixa seu tênis no varal, quando está indo a pé ao trabalho e atrasado, etc.. Existe uma certa ironia na chuva, será?



"Here comes the sun... i and say, it's all right.. it's been a long, long lonely winter... here comes the sun.. the smiles are returning to the faces.." Beatles

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Vemos sinais de que talvez sejamos bahá'ís quando..

Temos a meta de abrir GPJ
até o final do ciclo..

Quando almejamos o PIC com olhos brilhando,
ou ficamos felizes em monitorar um ABC,
ou facilitar um CE,
quando procuramos a comunidade de interesse,
e formamos uma EE,
e participamos do treinamento do album (de Anna)
Quando viajamos a vários lugares para aprofundamento,
com a ajuda do Conselho,
e onde encontramos pessoas de diferentes agrupamentos.

Quando conhecemos pela primeira vez um conselheiro,
ou descobrimos que alguém é MCA (?)
esbarramos com um facilitador-elo,
ou um coordenador de Instituto,
alguém do CEA,
ou de qualquer AELs.

Nós somos bahá'ís quando lemos as cartas da AEN!

Quando descobrimos que ANI não é uma pessoa..
e que o Instituto, não é do RUHI
Quando fazemos o Livro 1,
o Livro 2, 3, 4 , 5, 6 e o 7
e nos esforçamos em fazer as práticas,
visita aos lares ?
Se um agrupamento é A ou B
alguns são sementeiros
se assim for, você pode ser pioneiro

Nós somos bahá'ís quando amamos a família humana
com amor verdadeiro
e todas as religiões e raças, e todos os países e territórios..
o mundo inteiro..
quando trabalhamos pela paz e fraternidade universais!
E atestamos com toda convicção, que estes não são os últimos dias,
são os primeiros.


- "Ser bahá'í significa simplesmente amar a todos, amar a humanidade e trabalhar pela paz e fraternidade universais" 'Abdu'l-Bahá

domingo, 9 de agosto de 2009

"Quando morrermos, vai ter torta no céu.."

Por William Sears

"Os filhos de Sam Krieger vêm roubando as melancias de minha plantação há anos; é correto que eu acerte as contas com alguns poucos morangos."

Aí meu avô contou uma história. Era uma vez um garotinho, disse ele, que junto com toda sua família e amigos ficou perdido no vale da escuridão. Daí, sem querer, achou uma lanterna. Quando ele acendeu a lanterna, todos na escuridão do vale viram a luz e se apressaram em direção a ela. Com sua lanterna, o garotinho começou a conduzir o povo para fora daquele vale de escuridão, subindo o caminho da montanha. Primeiro cem pessoas o seguiram, depois mil, então dezenas de milhares. Todas as vezes que ele olhava para trás, ele via que mais pessoas o seguiam. Quando mais pessoas ele via, mais contente ficava consigo próprio e com seu ótimo trabalho. Ele continuou olhando para trás com mais frequência para ver quantas pessoas ele estava conduzindo para fora da escuridão. Quão orgulhoso estava ele, por ver quanta gente o seguia. Ele tropeçou, derrubando a lanterna, que foi agarrada por alguém atrás dele. A multidão o pisoteava conforme subia a montanha, deixando-o na poeira. Na verdade, não era a ele que seguiam. Era a luz que seguiam, e sem ela, o garotinho foi deixado no escuro.

"O mundo é assim, filho", disse meu avô. "É um vale de escuridão. Se você achar a luz, nunca tropece ou deixe cair, e lembre-se para sempre, que você não é muita coisa sem a luz. Somos todos como balões, e o espírito que brilha em cada um de nós é como o ar no balão. A não ser que seja pleno de espírito, é uma coisa murcha e inútil."

Conforme cruzamos o rio Ripple e viramos para estrada Tamarack, dois cães saíram correndo da fazenda de Jim Paterson e latiram para os cavalos. Vovô curvou-se e latiu para eles também. Os cachorros ficaram tão supresos que pararam no meio da estrada, viraram e correram para casa.

Um bando de pardais levantou vôo do meio da estrada quando Príncipe e Bela (dois cavalos) aproximaram-se, e buscou refúgio nos grandes carvalhos perto do moinho. Um rebanho de gado Holstein preguiçosamente bebia água na beira do rio. O grande sol amarelo continuava nos seguindo, e os cascos dos cavalos batiam compassadamente na estrada macia e os arreios soavam ritmados com a voz do meu avô, enquanto ele divertia todos na região:

"Vai ter torna no céu quando morrermos,
Quando morrermos vai ter torna no céu..."

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Nós mudamos para Crosby, Minnesota, alguns anos mais tarde. Vovô não queria que nós fôssemos. Ele dizia que Crosby era tão pequena que você teria que instalar o celeiro na vertical para mantê-lo dentro do perímetro urbano.

Por ocasião do Natal estávamos todos muito solitários. Meu pai disse que era caro demais levar uma família de seis pessoas até o meu avô. Mamãe concordou com tudo que ele disse, mas continuou fazendo nossas malas. Finalmente papai bateu os pés com firmeza, não no chão, mas nas plataformas da Estrada de Ferro Northern Pacific, a caminho da casa do vovô, que me levou a fazer compras no mesmo dia que chegamos. Havia nevado por dois dias e eu sabia que seria um ótimo Natal branco. Fomos à cidade no trenó, com Bela soltando fumaça pelas narinas como dois aquecedores de água. Vovô era tão rechonchudo como a maça Machintosh e suas bochechas eram quase tão vermelhas quanto ela. Sua face estava cheia de felizes rugas que se curvavam de todos os lados cada vez que ele dava suas risadas. Tio Cliff dizia que vovô era um motor de avião montado numa bicicleta. Sempre achei que vovô se levantava enquanto ainda estava escuro e cutucava o sol com um forcado. Ele amava cantar bem alto ao conduzir o cavalo e a charrete ou o trenó para o lado da cozinha para eu poder descarregar a compra sem precisar descer. Se o Clube das Senhoras estava reunido, ele cantava especialmente mais alto. Ele gostava de chocá-las.

Vovô já estava nos setenta anos, e se você perguntasse setenta e quantos, ele dizia-me confidencialmente, "levantando antes do sol, aproveitando cada momento do dia, trabalhando duro até a noite, depois indo deitar quando todos os outros estão se desgastando, na verdade, vivi não setenta, mas cento e quarenta anos. Portanto, esta é minha idade."

O coração dele não andava bem desde os vinte anos. Todas as vezes que ele tornava a se servir de um molho pesado, vovó dizia: "Lembre-se do que o médico lhe disse sobre seu coração, Mel."

Só pra desafiar, ele pegava mais outra concha do molho. "Médicos! Já enterrei três deles e farei o mesmo com esse novo jovem magrela."

(..)

Minha vida inteira com vovô foi cheia de memórias emocionantes. Algumas boas e várias ruins. Se você passasse mais de uma semana com ele, normalmente você estaria divertindo-se a cada minuto, quebraria um ou dois ossos, teria dores de estômago o tempo todo, e ficaria imaginando se ele seria realmente tão velho quanto diziam. O dia que fomos fazer compras de Natal, ele me fez sentir como se me levar para passear fosse o melhor programa que ele havia feito nos últimos anos.

"Olhe para aqueles flocos de neve, menino", ele me dizia. "Sinta este cheiro de inverno. Aproveite o máximo que puder." Daí vovô inalou com tanta força que as pontas de seus bigodes brancos levantaram, enconstando no seu nariz. Quando ele estava bem cheio de ar ele me deu um tapão violento nas costas, fazendo com que eu libertasse de todo o ar armazenado. "Seu velho avô está muito feliz porque você está aqui com ele para o Natal. Vamos aproveitar ao máximo!"

Então ele fazia cócegas no rabo de Bela com o chicote da charrete e ela saia pulando com um sapo, jogando-me para o fundo da charrete. Cantamos a duas vozes o "Vai ter torna no céu", até que vovô ficou contrariado. Eram os cartazes das lojas. Ele não gostava dos que tinha escrito Xmas. "O X marca o lugar de onde tiraram o Cristo do Natal", ele resmungava. Ele também não gostava dos preços. E alegava que quanto mais o público abrandasse e amolecesse, mais os preços subiam..

O que o mundo precisa, meu avô dizia, era de cinquenta semanas do verdadeiro espírito de Natal e de duas do outro. "Veja o sorriso amarelo do prefeito Fletcher. No dia 2 de Janeiro seu coração estará tão frio quanto os olhos do procurador do distrito."

"Por que, vovô?" perguntei. "Porque que as pessoas são boas somente por pouco tempo? Porque elas não podem ser boas o ano todo?"

A música de Natal foi enfraquecendo à distância conforme Bela entrava na macia neve sem marcas da rua Maple. Vovô me abraçou.

"É o jeito que as pessoas são, meu filho. Quando seus corações estão virados para as coisas materiais deste mundo, eles são escuros. Não há luz em seus rostos. Porém, quando eles se voltam para Deus, e esquecem as coisas mundanas, eles tornam-se luminosos e brilham por dentro. Na época do Natal eles procuram mais por Deus e Seu Mensageiro Cristo, do que em qualquer outra época do ano, assim existe um novo espírito no mundo, e por pouco tempo ele fica um lugar melhor para se viver."

(..)
"
(William Sears, A Graça de Deus)

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

A vida do além 'ou algo semelhante a isso'

Aviso! Você não deve ler este texto se tiver problemas cardio-vasculares, influenza, música no último volume, preguiça, dicionário de ortografia atual, e assim "substantivamente"..
"Nascer me estragou a saúde", disse Clarice Lispector, parafraseando o livro que ainda não li; a morte era um tema recorrente nos livros da autora (google em 0,35 segundos), mas a questão socio-filantrópica-filosófica-politico-ambiental não é da saúde da Clarice, (Não?), nãão, é sobre sofrimentos e correlatos..

Dizem que todos vamos morrer um dia, isso é fato, claro que no youtube você talvez encontre "eu vivi para sempre", e as respostas deles. No entanto, a questão a ser indagada diz respeito as perguntas universais (FAQs), quando morrermos, vamos encontrar nossos amigos e familiares? Se vamos morrer, por que nós vivemos? Dá para saber o dia que vamos morrer, e quem levaremos com nós ?

"Quando éramos do tamanho de uma bola de golfe, meu bisavô disse que muita gente ia arder no fogo do inferno" autor desconhecido .

Hmm, interessante, não acho realmente que o Google tenha a chave para todas as questões do universo, apenas para algumas, igual todo mundo, mas ninguém sabe onde está a fechadura. Se alguém soubesse, não ficaria perdendo o tempo pesquisando na Internet, e por isso tem tantos livros. Meu sonho é terminar algum livro.. brincadeira , este sonho já foi substituido por outro, juntar livros.
"Como você aprendeu isso muleque?!", "Com os livros" adaptado, autor conhecido .

A vida do além "ou algo semelhante a isso" está elevado além da nossa compreensão e capacidade, da mesma forma que uma planta não conseguiria, caso tivesse inteligência, compreender os animais e as vantagens de seus sentidos; e nem poderia o animal abranger a capacidade da compreensão humana. Em nosso padrão, somos capazes de abranger somente aquilo que é de um nível inferior ou menos complexo, coisas tais que, ainda assim, guardam segredos ainda não descobertos; o que dizer então de uma realidade totalmente desconhecida e inescrutável ?

"Felicidade é amar a Deus, e saber que é amado por Ele" autor - sei quem escreveu isso no msn, mas não direi.

Nós nos queimamos no fogo do amor, frequentemente, diariamente, imperceptivelmente, consequentemente (?), e lidamos com toda nossa sorte de revezes (e de sorte, ja foi dito), nós nunca estamos satisfeitos com nossa situação atual, porque o fogo é assim, tem que queimar, e queimar, e queimar. Nós somos como velas que se sacrificam a medida que apresenta sua chama, e o fogo do amor de Deus queima os véus que nos separam de Sua Beleza. Assim não devemos nos preocupar se vamos queimar ou se vamos para um jardim deleitável. Devemos, outrossim, ter medo de perder ou permanecer distante do amor do nosso Criador.

"Acende dentro de tua alma o fogo do amor:>Pensamentos e palavras queima em seu calor." Jalálu'd-Dín Rúmí (frase do Sete Vales)

Um outro autor conhecido, que não é dos livros, e que é anônimo, disse sobre o assunto - se não fosse o frio, as chuvas e tempestades, não teríamos construído casas, e também disse que nossa fé é testada constantemente.

"Põe em Deus toda sua esperança, e apega-te tenazmente à Sua infalível mercê" Bahá'u'lláh

Nós vivemos em um universo limitado, e ainda assim é imenso e infinito. Quão mais ilimitado não será o Reino do espírito, e quão maior será nossas responsabilidades e aspirações, ainda mais, tão mais insignificantes estaremos em comparação a temível grandeza dos céus e da terra. Um motivo pelo qual nada sabemos sobre a vida além dessa, é que conhecendo-a, possivelmente não haveria ninguém que desejasse ficar aqui por muito mais tempo.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

A vida é cheia de onda!

Quando a terra da uma volta em torno do sol termina um ciclo e começa outro - pode-se dizer também que o ciclo anterior é renovado. Por causa da rotação temos também os ciclos das estações, todo ano passamos por elas.

Na primavera a vegetação é rica, é verdejante e bela, as brisas refrescam e animam as folhas por todos os lados - da natureza, é a verdadeira vida. Depois vem o verão, é a época da frutificação e colheita, a vida se espalha por todos os lados e o calor e as chuvas atingem quase todas as regiões. Mas com a chegada do outono, as brisas se tornam ventos daninhos, caem folhas, morrem plantas e animais, e marcante é o frio. O inverno é, aparentemente, a morte da vegetação, o frio é devastador, e vem acompanhado de chuvas ou tempestades, e se o sol ilumina, seu calor não altera o clima - até que finalmente aparece a primavera, e a vegetação se irrompe em nova vestimenta, reiniciando o ciclo.

Dos inúmeros ciclos, existe o ciclo das estações espirituais da humanidade. Sempre que Aqueles Luminares da Verdade aparecem do Horizonte da Revelação de Deus, é a primavera divina - e uma nova vida vibra por todos os recantos da existência, e as cidades progridem, e as artes se renovam, as ciências se aperfeiçoam, as nações se tornam mais unidas - há sinais de força e vigor em toda parte. Se depois vem o verão, isso significa que os ensinamentos de Deus se espalham por toda parte, as leis são aplicadas e exercidas, os frutos da unidade e concórdia são colhidos através de todos os povos - são tempos de glória, o apogeu da nova capacidade humana. Quando, contudo, vier o outono, aparecerá os sinais de dissenção e discórdia, virá a corrupção e a sedição, e também o esquecimento daquelas nobres qualidades essenciais do homem. O inverno é a morte espiritual da humanidade, há corrupção em toda parte, a vida e a busca são meras palavras, e a religião é uma forma sem vida - não existe refúgio, os homens se rebaixam as ínfimas profundezas, as descobertas são lentas, e as artes não passam do reflexo de sua decadência - porém este é o limiar de uma nova época, porque depois virá a primavera espiritual, reiniciando o ciclo. Súbita e claramente, uma nova vida surge com a vinda de um novo Manifestante de Deus, iluminando o espírito de uma nova época. Seu esplendor, embora venha de um espelho diferente, reflete a luz do mesmo sol, e Sua linguagem é universal. O mundo floresce novamente, todos os povos fazem parte de uma nova criação, as realidades ocultas se tornam visíveis; há sofrimentos, pois é o dia do renascimento e da luz, é também o dia do juízo - aqui termina um ciclo, e inicia-se outro, é ainda o cumprimento das promessas antigas, é o consolo para todos os olhos.

Por isso acreditamos que vivemos em um novo ciclo, nos primeiros dias de uma época sem precedentes - porque se por um lado é perceptível a decadência de uma ordem em colapso, e da qual estamos sujeitos e somos influenciados, por outro há o aparecimento de uma nova civilização, imbuida de felicidade e progresso, de justiça e temperança, de paz e união perfeitas - essas são apenas algumas das características que hão de distinguir essa "nova e mais grandiosa Ordem Mundial."

"Uma nova vida vibra dentro de todos os povos da terra; embora ninguém lhe descobriu a causa, nem percebeu o motivo." Bahá'u'lláh

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Com trágica brevidade*

Relatividade é quando alguns dias de julho parecem alguns meses.
Esses dias foram bem relativos.

Não foram longos de ruim, foram longos de bom. E agora voltamos no tempo normal, eu acho.

Primeiro estava tudo combinado, e nos encontramos em Campo Grande (depois voltamos a esse tema) e de lá para Campinas (depois depois) com três companheiros; as bolachas e salgados não devem ser consumidos durante a viagem, devem ser o almoço do dia seguinte: e não foi tão ruim - o pão de queijo não estraga tão fácil.

Acho que depois de alcançar o hiper-espaço, o tempo já havia se modificado (se não me falha a memória) - porque as primeiras duas horas de descanso tinham parecido 5 ou mais, e as horas subsequentes mudavam frequentemente de padrão.

Conversávamos, eu e mais dois dos tripulantes, e aí que aparece mais um, mais uma, carregando uma pesada bagagem. HEHEHE, ela descia a escada tão confiante que nem fomos ajudá-la, mas ninguém reclamou, nem ela (desculpe). O sol já estava aparentemente indo descansar, mas nós não.

Depois de jantar com apenas algumas poucas pessoas, a madrugada foi interessante de novidades - de anotar os quartos e receber os estranhos, não que fossem estranhos. Mas eles se assustavam bem mais do que nós. Fomos informados "duas horas chega mais um'""Opa, esse fica com nós". Esse camarada ficou aproximadamente 1 mês sem casa, não sabemos todos os detalhes. Quando chegou os três companheiros ficaram trocando idéias no frio da madrugada (do lado de fora). Conforme se subia as escadas a temperatura diminuia, como nos Andes, e na mesma intensidade, o sinal do celular aumentava - isso deve ter alguma ligação.

No dia seguinte fomos direto seguir a programação - tudo certo. Não lembro-me mais de nada, depois do sono instantaneo, apenas da chegada de Samwise atrasado sentar na cadeira vazia ao lado. Esse foi um sinal. O Samwise teve de dormir em outro quarto no primeiro dia, e assim fez quase sem reclamar - o quarto onde estávamos devia incomodar o máximo de outros quartos em volta. Samwise mal poderia ficar fora dessa.

A programação do dia seguinte teve seu auge quando a complexidade dos temas nos fizeram lembrar daquelas aulas de cálculo, cuja matéria não era algo com que se podia aprender, não que não tivéssemos aprendido. Se antes mal sabíamos o motivo de la estarmos, agora havia certeza de que um pouco de prática poderia ser últil, diferentemente do "cáculo".

E eis que tivemos uma chance de correr para trocar o quarto, por um maior, de mais lugares - antes que pudéssemos mudar de idéia, a chave do quarto pequeno ja havia se quebrado. Agora Samwise estava apto a escolher livremente seu lugar, desde que não fosse nas laterais e dos dois lados embaixo. Ele naturalmente preferiu dormir em cima.

Tempo e espaço combinados - a noite fomos para a cidade da máfia, onde alguns foram mortos e não sei quem mais, eu também morri, há indícios de que o prefeito estivesse envolvido. Nossos pequenos atrasos sempre nos fizeram refletir.

Não seria tão bom se nem todos estivessem envolvidos, além disso, não seria tão bom se não fosse para todos, ou seja, todos de todos. Para os habitantes do local se podia perguntar "de onde és?" ao que responderiam "Tuiuiú", e você ? "Vagalume", e você ? Tinham vários, é interessante notar "Estrela do Vale", "Girassóis", "Janete Maia" - várias histórias sobre Janete Maia, e se a mãe do Bill não tivesse recontado recentemente teríamos nos esquecido de sua brilhante entonação.

Depois que se resume 6 livros, as coisas vão ficando mais claras; e desde que se anote os detalhes, não podemos garantir que sejam lembrados por muito mais tempo. "Que maravilha" se poderia dizer, parafraseando sua autora - que diga-se de passagem, diria "maravilhoso" mesmo se as coisas não estivessem tão bem assim.

Saindo de volta a Campo Grande, com um integrante adicional e de última hora, voltamos felizes, e um pouco pensativos de saber que havíamos esquecido algumas coisas. Eu um pouco mais do que "imaginava". Se havíamos ficado apenas 5 dias (que pareceram agradável 1 mês), mais 5 dias em Campo Grande, parecendo mais um mês, seria gravemente ótimo. Não importa para onde voltamos, estávamos frente a frente com as práticas daquilo que havíamos tentado assimilar em 5 dias.

Campo Grande? Fala sério, uma cidade ótima, onde você vê araras-azuis voando no meio dos prédios (rss), é verdade, mas não existe nenhuma esperando o sinal abrir. Campo Grande é a cidade do "mais" do Brasil em uma porção de coisas, é subjetivo, claro, mas fica aí registrado. Tanto é que se você andar bastante, pode chegar a Dourados, que está a apenas 3 horas e meia, eu acho.

Aqui o tempo é uma hora a menos, você pode assistir o jornal nacional e Jô Soares mais cedo, uma hora. Isso é relativo também.

* "Trágica brevidade" - expressão de Shoghi Effendi

sábado, 11 de julho de 2009

11 de julho, dia dos Direitos dos Bahá'ís




"Ó Deus..concede justiça aos governantes, e imparcialidade aos teólogos.."
'Abdu'l-Bahá

Saudações, hoje, dia 11 de julho, foi escolhido para ser o dia dos Direitos dos Bahá'ís (Bahá'í Rights Day) http://www.bahairightsday.org/

E parece que foi ontem, não é incrível, mas já fazem 160 anos que a comunidade Bahá'í do Irã, a maior minoria religiosa daquele país, ainda estão expostos a injustiças, torturas, assassinatos e massacres.

Na segunda metade do século 19, 20 mil bahá'ís foram assassinados.

É interessante como vivemos hoje em um mundo globalizado, e no início do século XX no Irã, os bahá'ís tiveram sua literatura banida, foram demitidos de seus empregos, tiveram suas propriedades confiscadas e seus lugares sagrados destruídos ou profanados.

Nós vivemos em um só mundo, somos como folhas e os ramos da mesma árvore; em 1979 o governo iraniano lançou uma ampla campanha de perseguição, torturas e execuções sumárias aos bahá'ís.

Não consideramos mais diferenças nos direitos entre homens e mulheres; em 1983 a execução de 10 jovens mulheres bahá'ís no Irã repercutiu internacionalmente, a mais nova tinha 17 anos e se chamava Mona Mahmudnizhad.

Os bahá'ís lutam e acreditam na unidade de TODAS as religiões, na eliminação dos preconceitos e o fim das disputas - os bahá'ís do Irã tem sido proibidos de entrar em universidades, tem sofrido agressões físicas e psicológicas, várias crianças expulsas de suas escolas, humilhadas e surradas por serem bahá'ís, são forçados a se converterem ao Islã e forçados a ouvir os instrutores insultarem sua Fé.

Em maio de 2006 as autoridades prenderam 54 jovens bahá'i´s engajados em serviços voluntários em um projeto de educação para crianças carentes na cidade de Shiráz. Nem deles foi acusado formalmente de crime algum.

Hoje seria o dia do julgamento de 7 líderes bahá'ís (11 de julho), é também o dia escolhido para ser o dia do direito dos bahá'ís.


"Estes sete indivíduos estão enfrentando acusações completamente falsas" Bani Dugal, representante para as Nações Unidas.

Nós desejamos justiça aos governantes, e imparcialidade aos teólogos.


Mais informações: http://secext.bahai.org.br


quarta-feira, 13 de maio de 2009

Para falar de ciência

No método científico que usamos atualmente, não existe verdade absoluta, sempre que uma nova teoria for capaz de substituir uma antiga, através de testes e análises, poderá ser suplantada, e permanecer até que que porventura se elabore uma nova teoria para explicar fenômenos semelhantes.

Isso é, deveras, muito interessante. Quando a teoria nova é colocada em prática, a antiga não deixou de ter seus benefícios. Assim, podemos dizer, com certo grau de "hipótese", que verdade e falsidade são coisas relativas, e depende dos resultados que produzem e não apenas do ritmo das idéias e o grau de veracidade.

Por exemplo, se em determinada época acreditávamos que o sol girava em torno da terra,
o que era fato, isso permitiu a invenção de instrumentos de navegação e astronomia.

Assim, a "verdade" que julgamos deve estar de acordo com o resultado que produz, no seguinte aspecto: o sol girava em torno da terra; posteriormente falou-se que, ao contrário, era a terra que girava em torno do sol, assim como os outros planetas do sistema; e mais a frente foi dito que o movimento dos corpos depende de um referencial - ou seja, tanto a terra pode girar em torno do sol, quando o sol girar em torno da terra, dependendo de qual é o referencial que escolhemos.

Essa evolução demonstra que verdade e "benefícios" estão relacionados. E também podemos dizer que as idéias antigas não eram inferiores às novas, pois tudo depende de contexto e meios; e o que os maiores gênios da nossa época produzem são apenas uma continuação do que outros gênios do passado descobriram.

As descobertas e invenções estão muito mais rápidas, e isso se deve à melhora nas condições de vida dos povos, do acesso à educação e universidades. Dependeu também da inclusão digital e dos diversos sistemas econômicos e sociais, até mesmo o modo exagerado de consumo. Tudo isso tem acelerado de uma maneira fora do comum com tecnologias dos mais diversos ramos, de modo a atender a demanda. Desde que diminuiu também a taxa de mortalidade, devido ao progresso da medicina, a população em geral, e aqueles que se destacam e suas respectivas áreas, tem dedicado maior tempo em seus projetos intelectuais. A consumação do que antes levavam um século, atualmente é realizado em alguns dias. O que é claro, não significa que seja bom ou ruim.

Este é uma pequena descrição do padrão atual, e de que modo as "verdades" podem ser entendidas. Bem sabemos que quando mais se descobre, menos se sabe; e que a ciência, a medida que evolui, reconhece sua incapacidade frente a mistérios cada vez mais desafiadores. O que talvez possamos dizer é que, aquilo que nos trouxe benefícios em certa época, pode não ser mais útil atualmente. Pode ser possível, mas não efetivo e frutífero criar um sistema baseado em uma teoria que está obsoleta.

Diz-se, apesar disso, que somos gigantes nucleares, e pigmeus éticos; que sabemos explodir o átomo, mas não o preconceito. Imagino que a ciência em si é uma fuga do ser humano de si mesmo; de querer descobrir aquilo que é "grande" e sua plenitude; é uma fuga, mesmo sem perceber, de suas próprias incoerências e defeitos, uma busca, mesmo que inconsciente, de sua própria alma. A humanidade está agitada, e percebe-se de todos os lados, os sinais de sua inquietude. Como já foi dito "uma nova vida vibra dentro de todos os povos da terra", mas "ninguém lhe descobriu a causa, nem percebeu o motivo.."*

Aguardamos ansiosos os dias em que o mundo humano encontre sua verdadeira identidade, quando se tornarem visíveis os sinais da harmonia entre fé e razão.

*Escritos Bahá'ís

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Por que os pinguins não voam ?

Isso está entre as grandes questões da vida. Pense bem, é possível mudar o destino? Existe uma alma? Tem os sonhos algum significado? "Por que os pinguins não voam" ?

Vamos combinar de não entrar nesses termos, se são grandes questões, é melhor não usar pequenas respostas. Isso, vou combinar de não usar respostas.

O som se propaga pelo ar, porque você quase não escuta o telefone tocar da sua varanda. Isso significa que também não conseguiria falar com alguém que está na sala da frente, vendo flamengo e friburguense em volume alto. Isso faz parte das grandes questões da vida. Tudo o que usamos para nos comunicar precisa de meios externos. A não ser que alguém tenha um dom especial, ou chip da tim instalado no córtex. Fora isso, precisamos utilizar os sentidos que mantém ligação com os meios externos, ta ligado?

Aquilo que não percebemos, simplismente não existe externamente. Nós não vemos o "amor" por aí tomando sopa entre os desabrigados, nem "esperança" rondando nossa casa, e "felicidade" não é algo que se possa guardar em um cofre. Todas essas realidades são intelectuais, e assim, não podemos tocar, nem ver, e incrível, não podemos nem falar ou descrever.

Para transmitir essas realidades nós usamos tudo o que conhecemos no meio externo como um símbolo; por exemplo, quando temos um trauma dizemos "fiquei com um nó na garganta", se bem que um nó não é algo que se possa comer. E também, quando temos uma idéia "surge uma luz", quando pensamos de mais nós "viajamos" - todas essas palavras são entendidas como simbólicas. "Quem lê viaja", para o mundo das idéias, [ler no carro faz mal].

Isso significa que existe algo que nós tentamos expressar, mas que realmente não existe no mundo físico. Essas realidades são imperceptíveis aos sentidos, embora indiscutivelmente existam. Então assim como o ar é um meio pelo qual se propaga o som, as coisas existentes são meios para o qual podemos expressar realidades invisíveis.

E também que os símbolos não tem a ver somente com hieroglifos ou alfabeto grego, mas com um oceano de conotações e significações. Uma pessoa que trabalha na tesouraria, por exemplo, saberia expressar muito mais o significado de "honestidade" do que outras pessoas de outros setores, claro que são muitos os fatores. O cientista experimenta, e seu conhecimento e expressão é mais poderoso do que a de um aluno que foi informado sobre a teoria.

Assim vemos que os símbolos são linguagens ricas e uma maneira de expressar que aumenta o valor se compararmos apenas com seu significado literal.

As Sagradas Escrituras das grandes religiões mundiais transmitiram seus ensinamentos através de símbolos, e assim descrevem vivamente o Poder de trasnformação de Suas Palavras. As Palavras de Deus são sementes, que germinam e crescem no coração humano, Suas Palavras instilam nova vida em toda criação, seus galhos se ramificam e abrigam o mundo inteiro, daí derivam homens destacados em erudição, grandes inventos e corações maravilhosos.

Quando diz-se que as estrelas vão cair, e o sol deixará de brilhar; quando se diz que os dias não serão seguidos pela noite, ou que a lua será manchada de sangue - essas palavras da Bíblia tem um significado muito rico e verdadeiro, do que se fossemos considerar literalmente. Além do mais, desde tempos remotos que céu, estrelas, sol e lua possuem significados ao coração humano - pois simbolizam mais do que aquilo que se apresenta exteriormente, uma maneira de compreender o que está além, mas que não pode ser expresso.

Uma ação pode "dar frutos", um homem pode "fazer progresso", o mundo pode "evoluir", o coração pode se "apertar".. embora externamente estejam idênticos, interiormente estão diferentes..

(..)

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cadê o filão

Ja perceberam que no oriente as mulheres parecem ser submissas enquanto que no ocidente elas é que dão ordens? "Lá em casa", eles dizem, "a última palavra é minha".. e normalmente é mesmo dos homens: "sim senhora!". Isso é uma prova substancial, tirando as exceções das regras [desde que essa não seja uma regra] de que somos todos iguais, menos no oriente e no ocidente - eles que se entendam para chegar ao meio-termo.

Mas não mude de assunto, estávamos comentando sobre, onde está o filão? Bem lembrado! E ainda estão procurando. Os mais ambiciosos da terra também estão de olho, e prontos para comprá-lo por uma quantia muito significativa de dólares. Aí sim, dá graça na corrida, cada um a sua escolha, por seus meios e talentos. Um grande entusiasta apostaria suas pratas na OPEP.

Sinceramente, ainda estou procurando, fui informado de que o grande prêmio está depois do sacrifício. Veja se tem lógica, se existem milhões de almas desamparadas no mundo, as outras restantes vão servir, e isso invariavelmente, para resgatá-las; isso significa que para cada alma na escuridão, tem de haver pelo menos uma alma disposta a sacrificar qualquer coisa pela outra. Tem que ser o mais presunçoso possível para garantir a própria paz e tranquilidade, e esta só pode ser conseguida através de meios igualmente ambiciosos de serviço desprendido ao mundo humano. Eu apostaria minhas fichas na NASDAQ, mas depois da crise, oferecer uma certa quantia de água da vida aos irmãos, é uma boa pedida.

E isso, é claro, a menos que não estamos entre aquelas que precisam de resgate, só assim poderemos balbuciar, com certa dignidade: o trabalho é nosso, é nosso!

"Para onde pode ir o apaixonado, senão para a terra da bem-amada? Vazio de paciência está seu peito e privado de paz, seu coração. A miríades de vida ele sacrificaria.."

Se Deus quiser em 7 sopros nós achamos o ouro. E tenho imaginado que realmente o maior prêmio do homem é a morte, e o prêmio tem que ser merecido, pois é precioso e distante. A lógica é quase matemática, [se] existimos, podemos sacrificar alguma coisa, [e se] depois de sacrificar alguma coisa, podemos sacrificar mais - enquanto vivermos poderemos sempre sacrificar alguma coisa, até que finalmente possamos abandonar esse mundo, ainda em espírito de sacrifício. Sem limites, isso é o mais importante, e seria o mais ambicioso que poderíamos alcançar nesse mundo extremamente atribulado.

"fizemos da morte a mensageira de teu júbilo, por que lamentas?"

E eles ainda dizem "lá em casa a última palavra é minha", e elas "Vem já pra cá!" - "Sim senhora! Já estou indo". Isso mostra que somos todos iguais, menos lá no oriente, e aqui no ocidente. Mas eles que se entendam, e encontrem o meio-termo. Estava mesmo pensando na OPEP...

domingo, 26 de abril de 2009

Abstraindo

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Dia frio e cinza
, pão na chapa, need for speed, café com leite, pãozinho de queijo, capítulo, subir o morro, a lembrança, o latido, a hora, o pulo, a brisa, pedágio, mochila, o livro amassado, sol quente, as portas se fecham, descer o morro, o campo, o dia, as portas se abrem, lama,Internet, o pé na estrada, esperança, interessante, lembrança, saudade, a esquina, copo quebrado, chuva, chuva torrencial, o pinguim da geladeira, estamos aí, avaliar o campo..

sábado, 25 de abril de 2009

Democracia e unidade

"Sem a veracidade, o progresso e o êxito, em todos os mundos de Deus, são impossíveis para qualquer alma"

Uma idéia é fundamentada na verdade, pois se assim não fosse, não teria nenhum valor significativo. A verdade é uma qualidade espiritual que como todas as outras, depende de outras. Assim, ela só pode ser alcançada através de certos pré-requisitos essenciais.

Começamos assim para dizer que determinada verdade, ou idéia, só se pode revelar quando as intenções e ações são puras e boas, como também deve existir certo espírito de justiça e imparcialidade, cortesia e camaradagem. Alguns meios são mais frutíferos que outros, mas em decisões coletivas, o que determina são as intenções do conjunto.

Se perguntarem se a democracia é um bom sistema, podemos responder afirmativamente: a democracia é um ótimo sistema, dinâmico e moderno. A razão está na difusão de certas verdades essenciais ao bem-estar humano. Pois na época em que vivemos, é mais importante "acertar na primeira" do que a unidade entre as pessoas? Acredito que não, em nome do bem-estar geral, a unidade deve prevalecer na maioria dos casos. O indivíduo antes de dar sua sugestão deve saber de suas próprias intenções, e falar como se a opinião não fosse mais dele, mas do grupo; se insistir em sua própria opinião significa que não confia no grupo, ou demonstra parcialidade - não é errado discordar ou duvidar, só que a aceitação é uma qualidade, é expressão de fé e união, que irá fortalecer o grupo e o indivíduo, o que tornará ainda, legítima qualquer ação, mesmo que não seja a mais correta. Além disso, quando existe consenso, é muito mais fácil e rápido detectar e corrigir qualquer falha.

"não é fácil de aprender e aplicar, exigindo, como se faz, a sujeição de todo egoísmo e paixões incontroláveis ao cultivo da franqueza e liberdade de pensamento e expressão, como também cortesia, abertura mental e aquiescência sincera à decisão da maioria."

Nossa democracia ainda é incompleta por causa das disputas. Na verdade nós estamos habituados com elas, e esquecemos do verdadeiro poder e significado da unidade. Em um documentário, um americano afirma que a política deveria alistar recursos humanos, e que este dever é esquecido e que a disputa se tornou a tendência. As discussões de opiniões geralmente visam enaltecer um partido ou representante. A verdade pode ser revelada em um grupo onde algumas pessoas tem por meta convencer o máximo possível para suas idéias? A verdade é uma qualidade espiritual, e a unidade é a que mais fornece força e vitalidade.

"Deixe sua visão abraçar o mundo."

Disseram um dia: "a democracia nada mais é, do que a ditadura da maioria sobre a minoria." Será? Os homens nunca chegam a um consenso sobre suas decisões, e então, a maioria dos que tem os mesmos ideais é que devem escolher. Nossa história diz que desde tempos imemoriais, "a maioria" tem causado inúmeras desgraças aos longos dos séculos. E também é verdade que muitas "maiorias" tem reivindicado direitos de seus concidadãos. Assim, a história gosta disso ou não? O carioca tinha razão ou não tinha?

Mas se fosse apenas reivindicação isso nos seria suficiente, mas a maioria daqueles que permanecem inconscientes de um relativo espírito fraternal, tem causado sofrimento e morte de tantos gênios, santos e profetas, dos grandes Manifestantes de Deus e os mais exaltados entre as qualidades humanas - quem, pois, atiraria alguma pedra em qualquer um que fale sobre "amor" ? Embora isso seja inaceitável a nossos olhos, é exatamente o que acontece por muitos milênios.

"a rosa é bela, não importa em que jardim floresça.."

Todos aqueles dentre os defensores da paz estarão entre os perseguidos - Sócrates não concordava com a idéia de que a maioria pudesse escolher; ou que a maioria tivesse razão. Sócrates, havia sido rejeitado, pois, pela maioria, e morto defendendo seus ideais. Mas suas idéias permeiam a sociedade até hoje. Nosso amado Cristo foi perseguido, e sua morte foi por decisão da maioria.

Passado tanta experiência, temos que arriscar que esta é uma lei espiritual, pois todos os grandes homens tiveram de aceitar seu destino e em suas épocas foram frequentemente considerados os mais insignificantes dos que viviam sobre a terra, e se tornaram os mais gloriosos dos homens - enquanto que os homens de poder e soberania material, de certa classe e nobreza, vieram a ser julgados como opositores opressores, e os piores tiranos, como também entre aqueles que pereceram sem nem mesmo se tornarem conhecidos.

Os poderosos da terra se aliam contra aquele, ou aquela idéia que os ameaça. Percebem que a ameaça é real, por isso imaginam que poderão extinguir certa idéia utilizando seus meios e poderes; esquecem que Deus é o verdadeiro Soberano, e que se suas ações não estiverem de acordo com Sua Vontade, suas más ações servirão apenas para alastrar ainda mais sua própria decadência e desespero, e enaltecer o novo ideal. Assim tem sido desde tempos muito antigos.

"Se não fosse o frio, como prevaleceria o calor de Tuas palavras? E se não fosse a calamidade, como brilharia o Sol de Tua paciência?"

Como nesta analogia, no amanhecerl em uma cordilheira, os picos das montanhas são as primeiras a receber a luz do sol, e esta luz se reflete para os lugares mais escuros - em tempos antigos, certos homens possuiam um conhecimento que atraia muita gente devido a sabedoria e expressão, foram eles grandes educadores das massas - conforme o dia vai clareando, a luz do sol vai atingindo partes cada vez mais profundas das montanhas, até que finalmente, não reste nenhuma parte da montanha que não esteja iluminada - em tempos mais recentes, a maioria das pessoas tem acesso à educação, a informação, a dar opiniões, a buscar a verdade, a escolher a própria fé e são espiritualmente independentes. Em nossa época, o conhecimento é como a luz do sol do meio dia, e não mais como a do amanhecer; tanto maior é a luz que se irradia, tanto maior é a exigência ao coração humano.

Isso quer dizer que, apesar de a maioria ter tendência a se opor às verdades, atualmente o conhecimento não depende mais de apenas umas poucas pessoas, mas de muitas, para não dizer, de todas. As informações fluem como um rio, e para todos os lugares - mesmo em lugares desérticos, acabam por aparecer nascentes que fazem brotar um formidável vale de conhecimento.

"Decretamos, ó povo, que o fim supremo e final de toda a erudição seja o reconhecimento d'Aquele que é o Objeto de todo o conhecimento; .."

"Todos os homens foram criados a fim de levarem avante uma civilização destinada a evoluir para sempre."



(frases em itálico são das Escrituras Bahá'ís)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Por que "oxítonas" é proparoxítona e "proparoxítonas" não é oxítona?

O mais importante da reforma ortografica e que nao sei mais escrever portugues direito, e vai demorar algum tempo para aprender. E entao, para evitar muitos erros, vou tirar todos os acentos e hifens, o que vai ser joia. E a primeira coisa que deveriamos fazer, era comprar um desses dicionarios novos e atualizados ou usar um daqueles corretores ortograficos online, ou baixar um programa pra fazer isso por nos:

http://superdownloads.uol.com.br/download/115/flip-corretor-ortografico-online-normas-do-acordo-ortografico/

Se, por acaso, dois japoneses precisam falar ingles para se comunicar, isso significa que um brasileiro e um português que falam 'português', não precisariam escrever de forma diferente as coisas que falam - e que a não ser a necessidade de corretores onlines, parece que além de não nos afetar, nos confunde e atrapalha muita gente, mas na mesma intensidade que agora não sabemos nada a respeito de uma nova ortografia - e já que eu mesmo já nao sabia nada sobre a antiga - também será muito útil para qualquer um que queira aprender português, e que embora não pareça, porque também quem ja saiu do país e arriscou uma conversa em outra língua, sabe o quanto difícil é se comunicar com pessoas de diferentes origens, e que apesar de tudo, são também homens.

A língua é uma dificuldade global, eu imagino, e pelo menos um pouco de inglês nós sabemos. Talvez por isso de antigamente existirem tantos conflitos, se eles falam diferente e vivem diferente, devem ser 'inimigos' - se nos entendemos, podemos ser amigos, talvez. E as oxítonas continuam sendo proparoxítonas, o que quer que isso signifique, é melhor não pensar muito a respeito - o mundo esta amadurecendo, mas quais vão ser os sinais da maturidade do mundo? Talvez quando qualquer homem considerar todos os homens como iguais, e talvez até irmãos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

"Se o amor de Deus não existisse.."

por 'Abdu'l-Bahá

"
...

Consideremos, em segundo lugar, o amor de Deus, cuja luz brilha da lâmpada do coração de quem O conhece, cujos raios cintilantes iluminam o horizonte, concedendo ao homem a vida do Reino Divino. Em verdade, o fruto da existência humana é o amor de Deus, pois é o espírito da vida, e a graça eterna. Não fosse o amor de Deus, o mundo contingente estaria envolto em trevas; sem este amor de Deus, o coração do homem perderia até a sensação de existir, estaria, de fato, como morto. Se o amor de Deus não existisse, estaria desfeita a união espiritual, e não se irradiaria sua luz sobre a humanidade – não mais haveriam de abraçar-se Oriente e Ocidente, como dois amigos afetuosos. Não fosse o amor de Deus, a desunião não se transformaria em fraternidade, a indiferença não cederia lugar à afeição, a estranheza não se tornaria a amizade. O amor existe no mundo humano origina-se do amor de Deus; graças à Sua bondade e benevolência é que se manifesta.

É claro que a realidade do homem apresenta divergências, tanto de opinião, como de sentimento. Esta diferença de opinião, de pensamento, de inteligência e de afetos verificada na espécie humana, provém de uma necessidade essencial, pois a diferença de grau que se manifesta entre as criaturas é um dos imperativos da existência, a qual se revela numa infinidade de formas. Necessitamos, portanto, de um poder soberano que domine os sentimentos, opiniões e pensamentos de todos, anule os efeitos destas divisões, e leve à união todos os membros individuais da humanidade. É claro, é evidente, que este grandíssimo poder no mundo humano é o amor de Deus. Ele reúne os vários povos sob um mesmo teto de afeição fraternal, e põe entre nações hostis e famílias inimigas o amor e a união.

Vemos, depois de Cristo, quantas nações, raças, tribos e famílias vieram abrigar-se à sombra do Verbo de Deus, graças ao poder de Seu amor, e tanto assim que desapareceram completamente dissensões e diferenças que por mil anos haviam persistido. Desapareceu qualquer pensamento de raça ou pátria; as almas uniram-se, e todos tornaram-se espirituais, verdadeiros cristãos.

A terceira virtude humana é a boa vontade, base das boas ações. Alguns filósofos consideram a intenção como superior à ação, sendo a boa vontade luz absoluta, pura e santificada, isenta do egoísmo, da inimizade, da decepção. É possível um homem cometer um ato, aparentemente reto, porém motivado pela cobiça. Um carniceiro, por exemplo, cria um carneiro e protege-o, mas sua boa ação é ditada pelo desejo de obter lucro; todo seu cuidado tem por fim a matança do pobre animal! Quantas boas ações são ditadas pela cobiça! A boa vontade, porém, é santificada e isenta de tais impurezas.

Numa palavra, se ao conhecimento de Deus acrescentarmos o amor a Ele e também a atração, o êxtase, e a boa vontade, teremos um ato reto realmente íntegro, perfeito. Em caso contrário, se não for sustentada pelo conhecimento de Deus, pelo amor a Ele, e por uma intenção sincera, a boa ação, embora louvável, será imperfeita. Consideremos o exemplo do corpo humano: para que seja perfeito, deve reunir todas as perfeições. Não lhe basta a visão, embora esta seja extremamente preciosa; a audição é imprescindível. A audição também é muito apreciável, mas o poder da linguagem lhe deve servir de auxílio e este, por mais importante que seja, depende, por sua vez, do raciocínio; e assim por diante. Só quando o homem possui todos estes poderes – todos os órgãos e membros do corpo, e todos os sentidos – é ele realmente perfeito.

Encontramos hoje no mundo pessoas que sinceramente desejam o bem universal, fazem tudo ao seu alcance para proteger os oprimidos e auxiliar os pobres, e se dedicam com entusiasmo à causa da paz e bem-estar universais. Embora tais pessoas sejam perfeitas sob este ponto de vista, não o são na realidade, enquanto privadas do conhecimento e do amor de Deus.

Galeno, o médico, comentando em seu livro o tratado de Platão sobre a arte de governar, diz que os princípios fundamentais da religião concorrem muito para o estabelecimento de uma civilização perfeita, porque "a multidão não pode compreender a relevância das palavras descritivas, e portanto precisa de palavras simbólicas que anunciam recompensas e punições no outro mundo; e o que prova a verdade desta afirmação," diz ele, "é que vemos hoje um novo chamado cristão, acreditando em recompensas e punições, e os atos dessa seita são tão belos como os de um verdadeiro filósofo. Assim todos observamos claramente que eles não têm medo da morte, esperam e desejam da multidão só a justiça e a equidade, e são considerados verdadeiros filósofos".

Vejamos o grau de sinceridade e fervor demonstrado por um crente em Cristo; consideremos a elevação de seus sentimentos espirituais e de seu conceito de amizade, e a nobreza de suas ações, ao ponto de ter razão Galeno, embora não pertencendo à religião cristã, quando ao testemunhar a boa moral e as virtudes de seus adeptos, proclamou que eram verdadeiros filósofos. Mas essas virtudes, essa moral, não provinham apenas das boas ações, pois se a virtude consistisse simplesmente em se obter e transmitir o bem, então por que não louvarmos esta lâmpada que ilumina a casa, e cuja iluminação é, sem dúvida, um benefício? Do sol depende o crescimento de todos os seres da terra; graças ao seu calor e à sua luz é que todos se desenvolvem. Existe benefício maior? Por não se originar na boa vontade, entretanto, nem no amor, nem no conhecimento de Deus, tamanho benefício é imperfeito.
Quando um homem, porém, oferece a outro um simples copo de água, este sente-se grato e manifesta gratidão. Alguém, sem refletir, dirá: esse sol que dá luz ao mundo merece adoração e louvor pela suprema bondade que manifesta; por que não devemos ser gratos ao sol pelas suas graças, quando louvamos um homem por um simples ato de bondade? Ao tentarmos discernir a verdade, porém, vemos que o ato bondoso do homem, embora insignificante, provém de sentimentos conscientes que existem, e por isso é louvável, enquanto a luz e o calor do sol não são devidos a sentimentos conscientes e não merecem, pois, nossos louvores e agradecimentos, ou nossa gratidão.

Do mesmo modo, a boa ação de uma pessoa, por mais louvável que seja, quando não é motivada pelo conhecimento de Deus nem pelo amor a Ele, é imperfeita. Também, se refletirmos, perceberemos que até as boas ações de pessoas ignorantes de Deus são, fundamentalmente, devidas aos ensinamentos de Deus. Antigos Profetas induziram os homens a fazer o bem, demonstrando-lhes a beleza e os excelentes efeitos da boa ação, e assim vinham se difundindo entre os homens, um após outro, Seus ensinamentos, permitindo que seus corações se inclinassem a estas perfeições. Vendo, pois, a beleza da boa ação, e verificando quanto concorria para a felicidade da espécie humana, os homens seguiam estes ensinamentos.

Vemos, então, que estas ações também são condicionadas pelos ensinamentos de Deus, embora a justiça seja necessária, a fim de perceber isso, nada valendo a controvérsia ou a discussão. Louvado seja Deus por terdes estado na Pérsia e visto como os persas, inspirados pelos sopros sagrados de Bahá'u'lláh, tornaram-se benévolos para com a humanidade. Antigamente, ao encontrarem alguém que pertencia a outra raça, sentiam grande inimizade, ódio e malevolência, e atormentavam-no; a tal ponto desprezavam qualquer estranho que jogavam terra sobre ele. Queimavam o Evangelho e o Velho Testamento, e então lavavam as mãos por acharem-nas poluídas pelo contato. Mas hoje, em suas reuniões e assembléias, a maioria deles recita e entoa o conteúdo destes dois Livros, expondo seus sentidos esotéricos. E demonstram hospitalidade até para com os inimigos. De lobos sanguinários, transformaram-se em gazelas meigas, nas planícies do amor divino. Tendes visto os seus costumes e hábitos e ouvido o que contam acerca dos persas antigos. Será possível que tamanha transformação moral, que tão grande melhora em sua conduta e em suas palavras, tenha sido efetuada de outra maneira senão através do amor divino? Não, em nome de Deus. Se quiséssemos introduzir essa moral, esses costumes, por meio da ciência ou de qualquer conhecimento material, levaríamos mil anos, e mesmo assim não teríamos conseguido disseminá-los completamente entre as massas.

Hoje, graças ao amor de Deus, com a maior facilidade tudo isto é conseguido.
Sede, pois, vigilantes, ó possuidores de inteligência!

"

('Abdu'l-Bahá, Respostas a Algumas Perguntas)

domingo, 12 de abril de 2009

Só sei que nada sei

Certo, estes são aqueles dias chuvosos dos quais podemos escrever algo sobre várias coisas por horas, mesmo que seja sobre "nada" e que principalmente, não faça o menor sentido. Agora estou disposto a fazer isso, pelo bem daquilo que não sei, e que felicidade! Pois nem mesmo sei por onde começar!

Ja disse Sócrates que existe algo que sabemos "que nada sabemos", e que a difusão de suas idéias teriam sido facilmente dissolvidas se ele vivesse em nossa época hiper-atribulada e desenvolvida - sua perseguição, seria, portanto diferente do da época, se bem que a humanidade é a mesma, mas seus propósitos são diferentes. Porque hoje podemos escalar uma montanha, e fincar uma bandeira, olhar as horas, abrir o notebook, e exclamar surpreso: "Nossa! Meu 3G pega aqui em cima!"

Nós enfrentamos problemas únicos, isso é bom e ruim. É ruim porque estamos a beira de um colapso político, social, econômico, etc., e é bom porque significa que não estamos andando em círculos [talvez em uma elipse], ou talvez em espiral, uma espiral logarítmica seria um bom exemplo.

Os problemas são únicos, porque veja bem, Lincoln, o político americano, nunca teve oportunidade de enviar E-mail, assim nunca teve problemas de SPAMs, e também certamente nunca foi a Londres de avião, assim nem imaginou o que seriam as esperas em um aeroporto; imagina se Faraday fosse até o seu "orelhão" mais próximo, e telefonasse a cobrar para algum membro da Royal Society para discutir o advento do magnetismo e eletricidade.

Quem diria que celulares de 80 g, teriam os mesmos jogos que num tempo só rodavam em consoles de 1 kg, - e em cpus de 8? Nossa época é tão exponencial que um homem que existiu há 10 anos atrás, ficou sem conviver com uma torrente de mudanças mundiais e explosões tecnológicas. Isso em 10 anos.

História? Não sei de nada, de Egito, Roma, Grécia, etc, etc... e assim por diante, mas a meu ver, não existe paralelo algum em idéias, invenções e criatividade, quanto existem hoje. Isso sem desprezá-los, pois chegamos até aqui por causa deles, a fruta não despreza a semente de que se formou, eles tiveram seus próprios problemas. Serve para dizer que nossos problemas são novos, e que uma grande quantidade de mistérios nos envolvem nessa época.

Se formos pensar bem, a quantidade de gênios e talentosos artistas, e também os inúmeros líderes defensores dos direitos humanos, foram tantos, que mal convém a nós imaginar que o destino da humanidade dependeu de um ou de outro, mas do conjunto [o que inclui os anônimos]. A graça está verdadeiramente nisso. Até as armas de destruição em massa tiveram trabalho conjunto e dos recursos das mais diversas nações. As melhoras e as guerras são vistas pelo mundo inteiro, e também os desastres, as tragédias - tudo é testemunhado sob diferentes pontos de vista, e cada qual dos diferentes líderes, destes diferentes países tomam suas próprias decisões, baseadas nas mais diversas reações e ações. Parece haver uma dinâmica misteriosa, e que talvez esteja mais visível nos dias de hoje.

Essa dinâmica pode ser relacionada a dinâmica do peixe. O peixe diz que "adora sorvete" e que "gostaria de um napolitano, se soubesse o que isso significa". Esta dinâmica é o fato de que o peixe não pode voar, assim ele não sabe o que é "ar" - a menos que algo interfira. Para ele água e ar é a mesma coisa. Essa é a lei da natureza e o peixe obedece, sem perceber. Nós humanos, somos muito parecidos, só que sabemos o que significa "napolitano"; nós temos o dom do pensamento, e da imaginação, nós temos consciência de um propósito. Assim, quando qualquer lei física nos atrapalha, nós tentamos driblá-las [como no futebol] para viver melhor. Quando queremos ir de São Paulo a Amsterdam, nós não andamos, nem nadamos, nós voamos - se bem que não temos asas - mas alguém resolveu que poderia enganar a gravidade em nome da facilidade.

Mas algumas coisas não podemos controlar [ou muitas] e que estamos submissos, como nas leis dos peixes. Nós somos escravos do amor, e buscamos eternamente a felicidade, alguns procuram a Presença do Criador, outros a própria exaltação terrena - no entanto, ninguém escapa desse grandioso mar das escolhas. Nesse mar todos são livres para encontrar suas pérolas, e descobrir de suas anêmonas os mistérios divinos. Infelizmente, uma pequena dose de veneno, é capaz de nos privar por completo destas dádivas preciosas.

O que convém ao mundo é volver a face para Deus, e lá procurar conforto e força - pois nas leis aquáticas nunca encontraremos paz e tranquilidade, mas nas leis espirituais sim - as leis da alma permite que nós "saiamos do caminho" e deixemos que a tacada "perfeita nos escolha". As transformações essenciais que existem no espírito humano e que se refletem na civilização mundial estão subjulgadas a leis que não temos controle nenhum. É como se o peixe com frio quisesse esquentar a água, e começasse a chacoalhar com todas as forças até que o mar fique em uma temperatura adequada - o que é impossível para este pobre diabo - seria mais fácil ele "sozinho", procurar um lugar mais quente para viver.

A resolução imediata das guerras e conflitos, dos problemas sociais, dos efeitos no meio ambiente, e a tentativa de retormar os afazeres humanos, não podem, de alguma forma, eliminar as causas básicas de qualquer conflito e dificuldade, antes, as soluções devem ser elevadas ao plano de princípios. O que a humanidade quer é invocar atos de amor, fé e sacrifício - o qual é inerente à natureza essencial dos seres humanos. Se existe uma preocupação real, esta preocupação deve ser voltada aos espelhos de nossos próprios corações - a humanidade sempre vai existir, nós não, nós vamos viver por um curto período; a humanidade vai resolver e solucionar todos os problemas [embora os problemas sempre existirem], mas é possível que passemos por essa vida, sem que solucionemos nossos próprios problemas existenciais; a humanidade sempre vai existir, e a sociedade irá descobrir outras tantas torrentes de descobertas e potencialidades que jamais poderemos imaginar ou sonhar, e nós teremos perdido a oportunidade de descobrir nossas próprias potencialidades.

Ah! Se apenas pudéssemos parar de tentar esquentar a água, e procurarmos aquele lugar morno em que todo o verdadeiro "peixe" almeja alcançar, teríamos encontrado, com absoluta certeza, a chave que esquentaria o mundo, e mais além.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Televisão, ou, Costa a Costa Com Um Corvo

por William Sears

"
Marguerite estava um pouco aborrecida porque eu estava levando apenas uma pequena mala com roupas mas outras seis cheias de livros.

"Eu gosto de ler", disse-lhe.
"Você não vai ter tempo de ler na África."
"Notei que você está levando seu vestido azul-celeste, para grandes ocasiões."
"Talvez eu tenha que me arrumar para o jantar em alguma noite."
"Arrumar-se?" eu ri. "Talvez você tenha que subir numa árvore, isso sim!"

Dentro de poucos dias, Michael, Billy, Marguerite e eu estaríamos navegando para a Cidade do Cabo, a bordo doAfrican Sun. Seria para mim, a primeira etapa de uma jornada que me levaria para mais de 400.000 kms através da África, Europa, América do Norte e do Sul, Ásia, Austrália, e as ilhas do Pacífico, o equivalente a dez vezes a volta ao mundo.

Eu tinha acabado de dizer adeus para um emprego na televisão, que me renderia para começar $50.000 ano ano. No entanto, meu coração estava tão leve quanto uma pétala seca. Rodopiei com Marguerite e lhe dei um sonoro beijo.

"Diga-me princesa", perguntei, "isto está realmente acontecendo com aquele garoto de Minnesota, ou fiquei louco?"

Billy disse: "Eu sei qual é a resposta para isso."
"Mantenha-se fora disso."

Julgando-se pelos padrões do mundo, os meus resultados profissionais não foram muito ruins. Fui para a Filadélfia, a cidade do amor fraternal, para trabalhar na WPEN, a estação do Evening Bulletin. Transmiti os jogos de basquete da Universidade da Pensilvânia e os jogos do futebol americano da Universidade Villanova. Fui o Mestre-de-Cerimônias Americano para o programa da BBC - O International-Quiz, pelo qual recebemos recentemente um prêmio. Nenhum pagamento, mas um belo prêmio. Sei agora como meu pai sentiu-se quando eu ganhei a placa pela minha primeira peça. Foi algo bonito, mas não se pode comer um prêmio.

Quando o Bulletin da Filadélfia comprou a Rádio e Televisão WCAU, mudei da rua Walnut para a Chesnut, e tornei-me um narrador esportivo para a TV.

Circulei por todo o país transmitindo jogos profissionais do Eagles da Filadélfia e toda uma temporada de jogos da Penn pela televisão.

De repente eu ganhava mais dinheiro que meus credores pediam. Então mudamos para Downington perto de Westchester. Compramos uma fazenda. Quer dizer, nós compramos uma casa com um bocado de terra. Pensei que fosse do estilo Cape Cod. Marguerite insistiu que era Colonial. Porém, acho que Billy estava certo, chamando-a de Primitivo-Índio-Americano. Havia mais buracos na casa que uma clarineta, e em dias de vento você podia ouvir a casa tocar "Onde! Oh, para onde foi meu cachorrinho?" Mas tudo bem. Marguerite ainda mantinha a casa cheia de cachorros e ninguém nunca sabia por onde eles andavam: Fafnir, Sócrates, Tristão e Isolda, Lazy Moon e Krause. Todos bassês, com exceção de Fafnir, um boxer. Que na verdade mais parecia um lutador.

Alguns meses mais tarde me ofereceram o cargo de Mestre-de-Cerimônias do concurso semifinal para Miss América. Tínhamos que escolher a Miss Filadélfia. Ed Sullivan veio de Nova York para ser um dos juízes. Esta atribuição deu-me um aumento de salário, portanto resolvemos mudar para um novo apartamento. Billy estava vibrando de emoção. Ele dizia que não era supersticioso, porém não gostava de dormir numa cama com treze. Contando os gatos e cães ele estava absolutamente correto.

No meu primeiro ano de televisão para a WCAU, a revista Guia-de-TV deu-me um "Oscar" pelo melhor show de esportes.

Era um show com muita risada. Os fanáticos pelos esportes me matariam na rua, mas aqueles que apreciavam uma risada durante o jantar, sintonizavam a estação todas as noites. Foi naquela ocasião que eu tive a idéia de usar um unicórnio (um marionete) para ajudar-me a manter corretamente os registros dos jogos. Antes que eu desenvolvesse a idéia, Paul Ritts sugeriu um esquilo, dizendo que talvez pudesse confeccioná-lo. Ele conseguiu e ficou excelente. Paul conseguia falar em mais vozes que o Coral dos Meninos de Viena, então ele tornou-se Albert, o esquilo. Ele deu também meia dúzia de outras ótimas sugestões para o show...

Albert tornou-se a personagem central do drama-comédia que Paul e eu escrevemos para a CBS. Chamava-se No Parque. Eu fazia um bondoso velho sentado num banco do Central Park e que devido sua pureza de coração, podia falar com os animais.

Paul esculpiu e modelou um corvo chamado Calvin, uma girafa Sir Geoffrey, e uma ema a Magnólia Blossom. A esposa de Paul, Mary Holliday gravava a voz de Magnólia. Ela cantava como um rouxinol e parecia uma ave do paraíso.

Paul tinha um dom fabuloso tanto para escrever como para interpretar, e não é nada fácil ser um esquilo, uma girafa, um corvo e um diretor de primeira classe. Logo, nós ganhamos os corações da América todos os domingos ao meio-dia. Durante os meses de verão, nosso programa iniciava mostrando os pés de um trabalhador varrendo a calçada no Central Park, com uma vassoura enorme. Conforme as folhas eram varridas para os lados, os títulos do programa escritos em giz no chão, iam sendo descobertos:

No Parque
Com Bill Sears
E Os Animais Amigos
De Paul Ritts e Mary Holliday

No inverno, os mesmos pés com galochas, removiam a neve, revelando os créditos.

Menciono com algun detalhes este programa por ter sido o responsável direto em direcionar minha bússola para o verdadeiro norte. Era um programa de "três risadas e uma lágrima".

Com exceção do primeiro programa, eu mesmo me maquiava. Naquela vez chamamos um técnico para fazer com que eu parecesse ter setenta e cinco anos. Sentei pacientemente enquanto ele embranquecia meu cabelo e bigode e enrugava um rosto comum, porém ainda bom. Quando ele terminou, levantei-me e olhei para o espelho. Foi uma experiência muito enervante. Eu olhava a réplica perfeita do rosto do meu avô! Tudo que eu precisava era a caixa de aveia e um garotinho para conversar e eu estaria atuando na arte de ser avô. Fiz de Albert o esquilo-listrado, o garotinho.

No segundo ano de nosso programa escrevemos um programa especial para o dia de Natal. Era sobre uma estrela na árvore de Natal de Albert, que não acendia. Gus, o esquilo-cinza que vivia numa árvore do Park, estava com sarampo, por isso nenhum dos animais queria fazer-lhe a visita natalina. Na verdade, eles decidiram ficar com todos os presentes do amigo. Calvin o corvo, disse que ele gostaria de dar algum presente de Natal para Gus - o sarampo - mas isso ele já tinha. Sir Geoffrey a girafa, humildemente admitiu que deveria haver algo de bom em Gus - "uma vez que você procurasse com uma escavadeira." Magnólia ia dar uma caneta para Gus, porém, soube - para seu total desagrado, disse ela - que ele era analfabeto. Albert comprara um par de luvas de boxe para Gus, mas havia achado alguém muito mais merecedor daquele presente, quando olhou-se no espelho aquela manhã.

Albert veio sentar-se em meu ombro. "Você não está bravo comigo, está?" perguntou.
"Não, apenas desapontado."

Ele colocou seu focinho perto de meu nariz e olhou dentro dos meus olhos. "Você tem olhos bem marrons."
"Obrigado pela informação", eu disse, repetindo as palavras de meu pai há tantos anos atrás, em Minnesota.

Albert o esquilo, disparou para dentro de seu buraco na grande árvore e voltou com uma caneca, creme de barbear, um pincel e gilete para fazer minha barba para o Natal. Ele falava enquanto trabalhava.

"Porque é que vocês humanos ficam tão bonzinhos durante duas semanas aqui no parque na época do Natal, e tão miseráveis no resto do ano? A maioria das pessoas que vem aqui durante o ano se parece com algas marinhas, mas no Natal.. com madressilvas! Como você explica isso?"

"As pessoas são como a lua", respondi. "A lua não tem luz própria. Retira tudo do sol. Quando a lua está virada para a terra é sua parte escura - não reflete luz. Porém, quando a lua desvia-se da terra e vira para o sol, vai gradualmente ficando linda. Primeiro é um fio de prata; então é um-quarto de lua, metade, três-quartos; até que finalmente quando está de costas para a terra e fica direto à frente do sol, torna-se uma grande, redonda, brilhante lua cheia. E é nesse momento que derrama toda sua luz sobre este mundo escuro."

"Mas como você fala!" disse Albert, e eu ouvia a mim mesmo falando com meu avô enquanto ele enchia a manjedoura de Bela com a forquilha.

"É assim também com as pessoas, Albert" expliquei. "Quando seus corações estão voltados para as coisas materiais deste mundo, elas são escuras. Não há luz em seus rostos ou seus corações. Mas quando elas desviam-se das coisas materiais e voltam-se para Deus, tornam-se claras e brilhantes por dentro. Na época do Natal por poucos e breves dias esquecem-se das coisas mundanas e voltam-se para Sua Santidade o Cristo, trazendo um novo espírito ao mundo e por momentos fugazes fazendo dele um lugar muito bom para se viver."

Todos os bichos entenderam. Calvin jogou marshmallows dentro da chaminé de Gus, fingindo que estava tentando bombardeá-lo em vez de ser gentil, mas eu entendi. Sir Geoffrey deu um feixe de madeira para sua lareira. "Continuo não gostando dele" disse, "mas possa não gostar dele quando estiver quentinho, da mesma forma quando estiver frio." Magnólia pediu que eu virasse meu rosto, e com um gritinho de dor, arrancou uma pena de sua cauda. Com os olhos abaixados ela disse, "É uma pena para escrever." Eu lhe disse: "É o mais lindo presente - um pedacinho de você." Albert chegou usando as luvas de boxe. "Você é uma jóia de velhote, Bill, e sei o que você quis dizer com a história, e a quem você estava se referindo; por isso vou dar a luva de boxe para Gus. Mas, vou conservá-la em minhas mãos até eu chegar lá e decidir se primeiro vou dar-lhe um bom sopapo nas fuças."

Conforme Albert saia, a música natalina aumentava de intensidade e as câmeras moviam-se lentamente em direção da árvore de Natal com sua estrela apagada. Aos poucos foi brilhando por dentro e por fim tornou-se uma brilhante e clara estrela.

Ed Sullivan assistia ao programa de sua cama de hospital em Nova Iorque. Ele nos telefonou dizendo que aquela tinha sido a mais calorosa história de Natal. E perguntou se poderíamos comparecer em seu show de variedade, oToast of the Town, no próximo domingo. Ficamos encantados, pois seus sessenta minutos eram considerados no meio televisivo como o "melhor" show de todos.

O pessoal de televisão e algumas vezes os críticos de teatro chamavam Ed Sullivan de "A Grande Face de Pedra", entre outras coisas, mas nós percebemos ao trabalhar com ele, que seu coração era tão terno quanto uma canção de ninar irlandesa, e era uma das pessoas genuinamente simpáticas do ramo.

O programa teve grande sucesso e recebemos telefonemas e telegramas do país inteiro. Ed teve a gentileza de convidar-nos uma segunda vez para aparecermos no dia de São Patrício.

No entanto, foi durante a transmissão da semana de Natal, em Toas of the Town, que Albert reconduziu-me à trilha. Olhando-me com aquele tremendamente humano trejeito de cabeça que foi aperfeiçoado por Paul, ecoou palavras que meu avô e eu disséramos no dia do grande incêndio.

"É engraçado. Aqui estamos nós: você um homem velho, eu um jovem. E falamos sobre Deus. E gostando disso. Como você explica isso?"

Sorri. "Talvez porque você seja um jovem rapaz e eu sou um homem velho. Você está perto de Deus de um lado, e eu perto Dele do outro. As pessoas no meio de nós parecem ter-se esquecido."

Estava de volta ao celeiro naquele sonolento vilarejo fora de moda, Aitkin, Minnesota. Estava de novo sentado na caixa de aveia, perguntando, perguntando, com vovô sempre respondendo. Quase que eu abaixei e dei em Albert aquela esfregadela com as suíças.

Ao término de nosso programa com as luzes se acendendo na estrela e ao som da maravilhosa música de Ray Bloch e sua orquestra, houve uma breve entrevista com Ed Sullivan à frente das cortinas.

Ele contou a história de ter acabado de assistir ao programa da cama do hospital, e assegurou a todos que eu não era tão velho quanto parecia. Mencionei em nome dos familiares em Milwaukee e em Minnesota que pudessem estar assistindo que não era o avô Wagner que eles viam, nem que eu tinha de repente ficado velho por trabalhar na indústria de televisão. Eu esperava que vovô estivesse assistindo o programa e que o eco de sua própria voz tivesse agradado.

Marguerite e Billy e Michael me levaram de volta de Nova Jersey para Filadélfia. Eu estava muito silencioso. As palavras de Albert me fizeram com que eu pensasse. Teria eu virado meu rosto por inteiro ao sol? Recebi um telegrama de meu avô no dia seguinte. Era como se ele tivesse lido meu pensamento: Dizia apenas:

"Não derruba a tocha!"

Uns domingos mais tarde fizemos um programa contando como foi exatamente que o velho apareceu no parque, e porque ele começou a falar com animais. Senti-me esquisito ao escrevermos o roteiro. Era um surpreendente mas não intencional paralelo de minha própria vida:

O velho "Bill" de acordo com o roteiro tinha sido um jovem energético, executivo, publicitário, com um corte de cabelo à escovinha, uma pasta e um lugar constante no trem de Stamford, Connecticut. Ele era, oh, tão ocupado com tantas coisas importantes. Acelere, acelere, acelere! Até que um dia ele percebeu que estava perdendo muito mais do que estava ganhando, por isso ele jogou sua pasta na lata de lixo, andou pelo parque, e sentou-se num banco perto da árvore do Albert.

Em sua mente ele repetia uma canção infantil que cantava quando criança:

"Para onde corres tão rápido, ó velho pai,
O que procuras que não podes parar?"
"Procuro o horizonte e quem pode me ajudar,
Pois quanto mais corro, mais rápido ele se esvai!"

"Bill" decidiu sair da rotina, voltar e fazer as coisas que desde menino, em seu coração queria fazer. Ele queria ser escritor e falar de belas coisas da vida. Então comprou uma caderneta de dez centavos e sentou-se no banco e escreveu: Bill Sears, Minha Vida. Olhou para cima e viu Albert, o esquilo olhando para ele.

"Bom dia", cumprimentou Albert alegremente. "Estivemos esperando por você."

Sabe quando às vezes, alguém murmura ou canta a mesma canção e por horas ou dias você a repete e não consegue tirá-la da sua mente? Eu estava tendo esse problema com a cantiga. Fui até o clube jogar golfe com Bill Hart, Alan Scott e Gene Crane. Nem ouvi os insultos criativos durante a partida, alguns deles, soube mais tarde, eram baseados em simples mitos clássicos! Tudo que eu ouvia era:

"Para onde corres tão rápido, homenzinho?"
Bill Sears, Minha Vida.
"O que procuras que não podes parar?"
Bill Sears, Minha Vida.

"
(A Graça de Deus, William Sears)

domingo, 5 de abril de 2009

O viajante perdido no deserto

por Howard Colby Ives

"
Uma vez um viajante estava perdido em denso deserto.
Parecia que andava desolado, desde tempos ilimitados.
Nenhum caminho havia; nem sol, por meio do qual se orientar.
As urzes laceravam-lhe a carne, vento e chuva impiedosos despejavam sua ira. Ele não tinha lar.
Então, repentinamente, quando a esperança ia fenecendo, ele chegou ao flanco de uma montanha que sobranceava um vale encantador, no qual havia um palácio celestial, o próprio Lar dos seus sonhos.
Com indescritível júbilo, precipitou-se a entrar.
Mas mal colocara os pés no pátio, quando uma mão pesada lhe agarrou o pescoço e ele de novo se viu naquele terrível deserto.
Agora porém, não estava ele sem esperança. Tinha visto o seu lar.
E com uma coragem antes desconhecida, saiu à sua procura.
Foi mais cuidadoso agora. Esquadrinhou os sinais do Caminho.
E empenhou-se em atravessar a escuridão ameaçadora para vislumbrar a luz.
E, após cansativa busca, novamente viu o seu lar.
Agora foi mais cuidadoso. Não se precipitou a entrar.
Ele observou onde se situava. Orientou-se pelo sol.
E, mansamente, seus pés reverentes entraram.
Mas, ah! Novamente a mão pesada o puxou daquele lar querido e ele mais uma vez se viu de volta ao vasto deserto.
Mas agora seu coração de modo algum estava abatido.
Ele possuia orientação! E, com grande júbilo, novamente saiu à sua busca.
E agora ele marcou as árvores, para que pudesse achar o caminho de novo.
O céu ficou mais claro sobre sua cabeça e os raios do sol ajudaram.
E logo, muito mais cedo do que antes, achou de novo seu lar e lá entrou.
Desta vez, sentiu-se mais calmo e seguro.
Desta vez, nenhum medo teve da mão que o agarrava.
E quando ela veio e o agarrou, e ele voltou àquele deserto vil das coisas terrenas,
apressou-se, com pés firmes, na sua busca.
Plenamente, agora, o Sol resplandecia. As canções dos pássaros lhe encantavam os ouvidos.
E agora abriu um Caminho e, arrancando a vegetação que o embargava, seguia.
Pois bem sabia que muitas vezes por este caminho, teria ele de ir e vir, enquanto neste mundo.
Mas encontrava seu lar, e quando o rugido dos homens perturbava,
E vinha a escuridão, às pressas, ele voltava do eu para Deus.

"
(Portais para liberdade, Howard Colby Ives)