quarta-feira, 13 de maio de 2009

Para falar de ciência

No método científico que usamos atualmente, não existe verdade absoluta, sempre que uma nova teoria for capaz de substituir uma antiga, através de testes e análises, poderá ser suplantada, e permanecer até que que porventura se elabore uma nova teoria para explicar fenômenos semelhantes.

Isso é, deveras, muito interessante. Quando a teoria nova é colocada em prática, a antiga não deixou de ter seus benefícios. Assim, podemos dizer, com certo grau de "hipótese", que verdade e falsidade são coisas relativas, e depende dos resultados que produzem e não apenas do ritmo das idéias e o grau de veracidade.

Por exemplo, se em determinada época acreditávamos que o sol girava em torno da terra,
o que era fato, isso permitiu a invenção de instrumentos de navegação e astronomia.

Assim, a "verdade" que julgamos deve estar de acordo com o resultado que produz, no seguinte aspecto: o sol girava em torno da terra; posteriormente falou-se que, ao contrário, era a terra que girava em torno do sol, assim como os outros planetas do sistema; e mais a frente foi dito que o movimento dos corpos depende de um referencial - ou seja, tanto a terra pode girar em torno do sol, quando o sol girar em torno da terra, dependendo de qual é o referencial que escolhemos.

Essa evolução demonstra que verdade e "benefícios" estão relacionados. E também podemos dizer que as idéias antigas não eram inferiores às novas, pois tudo depende de contexto e meios; e o que os maiores gênios da nossa época produzem são apenas uma continuação do que outros gênios do passado descobriram.

As descobertas e invenções estão muito mais rápidas, e isso se deve à melhora nas condições de vida dos povos, do acesso à educação e universidades. Dependeu também da inclusão digital e dos diversos sistemas econômicos e sociais, até mesmo o modo exagerado de consumo. Tudo isso tem acelerado de uma maneira fora do comum com tecnologias dos mais diversos ramos, de modo a atender a demanda. Desde que diminuiu também a taxa de mortalidade, devido ao progresso da medicina, a população em geral, e aqueles que se destacam e suas respectivas áreas, tem dedicado maior tempo em seus projetos intelectuais. A consumação do que antes levavam um século, atualmente é realizado em alguns dias. O que é claro, não significa que seja bom ou ruim.

Este é uma pequena descrição do padrão atual, e de que modo as "verdades" podem ser entendidas. Bem sabemos que quando mais se descobre, menos se sabe; e que a ciência, a medida que evolui, reconhece sua incapacidade frente a mistérios cada vez mais desafiadores. O que talvez possamos dizer é que, aquilo que nos trouxe benefícios em certa época, pode não ser mais útil atualmente. Pode ser possível, mas não efetivo e frutífero criar um sistema baseado em uma teoria que está obsoleta.

Diz-se, apesar disso, que somos gigantes nucleares, e pigmeus éticos; que sabemos explodir o átomo, mas não o preconceito. Imagino que a ciência em si é uma fuga do ser humano de si mesmo; de querer descobrir aquilo que é "grande" e sua plenitude; é uma fuga, mesmo sem perceber, de suas próprias incoerências e defeitos, uma busca, mesmo que inconsciente, de sua própria alma. A humanidade está agitada, e percebe-se de todos os lados, os sinais de sua inquietude. Como já foi dito "uma nova vida vibra dentro de todos os povos da terra", mas "ninguém lhe descobriu a causa, nem percebeu o motivo.."*

Aguardamos ansiosos os dias em que o mundo humano encontre sua verdadeira identidade, quando se tornarem visíveis os sinais da harmonia entre fé e razão.

*Escritos Bahá'ís

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