No método científico que usamos atualmente, não existe verdade absoluta, sempre que uma nova teoria for capaz de substituir uma antiga, através de testes e análises, poderá ser suplantada, e permanecer até que que porventura se elabore uma nova teoria para explicar fenômenos semelhantes.
Isso é, deveras, muito interessante. Quando a teoria nova é colocada em prática, a antiga não deixou de ter seus benefícios. Assim, podemos dizer, com certo grau de "hipótese", que verdade e falsidade são coisas relativas, e depende dos resultados que produzem e não apenas do ritmo das idéias e o grau de veracidade.
Por exemplo, se em determinada época acreditávamos que o sol girava em torno da terra,
o que era fato, isso permitiu a invenção de instrumentos de navegação e astronomia.
Assim, a "verdade" que julgamos deve estar de acordo com o resultado que produz, no seguinte aspecto: o sol girava em torno da terra; posteriormente falou-se que, ao contrário, era a terra que girava em torno do sol, assim como os outros planetas do sistema; e mais a frente foi dito que o movimento dos corpos depende de um referencial - ou seja, tanto a terra pode girar em torno do sol, quando o sol girar em torno da terra, dependendo de qual é o referencial que escolhemos.
Essa evolução demonstra que verdade e "benefícios" estão relacionados. E também podemos dizer que as idéias antigas não eram inferiores às novas, pois tudo depende de contexto e meios; e o que os maiores gênios da nossa época produzem são apenas uma continuação do que outros gênios do passado descobriram.
As descobertas e invenções estão muito mais rápidas, e isso se deve à melhora nas condições de vida dos povos, do acesso à educação e universidades. Dependeu também da inclusão digital e dos diversos sistemas econômicos e sociais, até mesmo o modo exagerado de consumo. Tudo isso tem acelerado de uma maneira fora do comum com tecnologias dos mais diversos ramos, de modo a atender a demanda. Desde que diminuiu também a taxa de mortalidade, devido ao progresso da medicina, a população em geral, e aqueles que se destacam e suas respectivas áreas, tem dedicado maior tempo em seus projetos intelectuais. A consumação do que antes levavam um século, atualmente é realizado em alguns dias. O que é claro, não significa que seja bom ou ruim.
Este é uma pequena descrição do padrão atual, e de que modo as "verdades" podem ser entendidas. Bem sabemos que quando mais se descobre, menos se sabe; e que a ciência, a medida que evolui, reconhece sua incapacidade frente a mistérios cada vez mais desafiadores. O que talvez possamos dizer é que, aquilo que nos trouxe benefícios em certa época, pode não ser mais útil atualmente. Pode ser possível, mas não efetivo e frutífero criar um sistema baseado em uma teoria que está obsoleta.
Diz-se, apesar disso, que somos gigantes nucleares, e pigmeus éticos; que sabemos explodir o átomo, mas não o preconceito. Imagino que a ciência em si é uma fuga do ser humano de si mesmo; de querer descobrir aquilo que é "grande" e sua plenitude; é uma fuga, mesmo sem perceber, de suas próprias incoerências e defeitos, uma busca, mesmo que inconsciente, de sua própria alma. A humanidade está agitada, e percebe-se de todos os lados, os sinais de sua inquietude. Como já foi dito "uma nova vida vibra dentro de todos os povos da terra", mas "ninguém lhe descobriu a causa, nem percebeu o motivo.."*
Aguardamos ansiosos os dias em que o mundo humano encontre sua verdadeira identidade, quando se tornarem visíveis os sinais da harmonia entre fé e razão.
*Escritos Bahá'ís
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