domingo, 5 de abril de 2009

O viajante perdido no deserto

por Howard Colby Ives

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Uma vez um viajante estava perdido em denso deserto.
Parecia que andava desolado, desde tempos ilimitados.
Nenhum caminho havia; nem sol, por meio do qual se orientar.
As urzes laceravam-lhe a carne, vento e chuva impiedosos despejavam sua ira. Ele não tinha lar.
Então, repentinamente, quando a esperança ia fenecendo, ele chegou ao flanco de uma montanha que sobranceava um vale encantador, no qual havia um palácio celestial, o próprio Lar dos seus sonhos.
Com indescritível júbilo, precipitou-se a entrar.
Mas mal colocara os pés no pátio, quando uma mão pesada lhe agarrou o pescoço e ele de novo se viu naquele terrível deserto.
Agora porém, não estava ele sem esperança. Tinha visto o seu lar.
E com uma coragem antes desconhecida, saiu à sua procura.
Foi mais cuidadoso agora. Esquadrinhou os sinais do Caminho.
E empenhou-se em atravessar a escuridão ameaçadora para vislumbrar a luz.
E, após cansativa busca, novamente viu o seu lar.
Agora foi mais cuidadoso. Não se precipitou a entrar.
Ele observou onde se situava. Orientou-se pelo sol.
E, mansamente, seus pés reverentes entraram.
Mas, ah! Novamente a mão pesada o puxou daquele lar querido e ele mais uma vez se viu de volta ao vasto deserto.
Mas agora seu coração de modo algum estava abatido.
Ele possuia orientação! E, com grande júbilo, novamente saiu à sua busca.
E agora ele marcou as árvores, para que pudesse achar o caminho de novo.
O céu ficou mais claro sobre sua cabeça e os raios do sol ajudaram.
E logo, muito mais cedo do que antes, achou de novo seu lar e lá entrou.
Desta vez, sentiu-se mais calmo e seguro.
Desta vez, nenhum medo teve da mão que o agarrava.
E quando ela veio e o agarrou, e ele voltou àquele deserto vil das coisas terrenas,
apressou-se, com pés firmes, na sua busca.
Plenamente, agora, o Sol resplandecia. As canções dos pássaros lhe encantavam os ouvidos.
E agora abriu um Caminho e, arrancando a vegetação que o embargava, seguia.
Pois bem sabia que muitas vezes por este caminho, teria ele de ir e vir, enquanto neste mundo.
Mas encontrava seu lar, e quando o rugido dos homens perturbava,
E vinha a escuridão, às pressas, ele voltava do eu para Deus.

"
(Portais para liberdade, Howard Colby Ives)

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