quinta-feira, 30 de abril de 2009

Cadê o filão

Ja perceberam que no oriente as mulheres parecem ser submissas enquanto que no ocidente elas é que dão ordens? "Lá em casa", eles dizem, "a última palavra é minha".. e normalmente é mesmo dos homens: "sim senhora!". Isso é uma prova substancial, tirando as exceções das regras [desde que essa não seja uma regra] de que somos todos iguais, menos no oriente e no ocidente - eles que se entendam para chegar ao meio-termo.

Mas não mude de assunto, estávamos comentando sobre, onde está o filão? Bem lembrado! E ainda estão procurando. Os mais ambiciosos da terra também estão de olho, e prontos para comprá-lo por uma quantia muito significativa de dólares. Aí sim, dá graça na corrida, cada um a sua escolha, por seus meios e talentos. Um grande entusiasta apostaria suas pratas na OPEP.

Sinceramente, ainda estou procurando, fui informado de que o grande prêmio está depois do sacrifício. Veja se tem lógica, se existem milhões de almas desamparadas no mundo, as outras restantes vão servir, e isso invariavelmente, para resgatá-las; isso significa que para cada alma na escuridão, tem de haver pelo menos uma alma disposta a sacrificar qualquer coisa pela outra. Tem que ser o mais presunçoso possível para garantir a própria paz e tranquilidade, e esta só pode ser conseguida através de meios igualmente ambiciosos de serviço desprendido ao mundo humano. Eu apostaria minhas fichas na NASDAQ, mas depois da crise, oferecer uma certa quantia de água da vida aos irmãos, é uma boa pedida.

E isso, é claro, a menos que não estamos entre aquelas que precisam de resgate, só assim poderemos balbuciar, com certa dignidade: o trabalho é nosso, é nosso!

"Para onde pode ir o apaixonado, senão para a terra da bem-amada? Vazio de paciência está seu peito e privado de paz, seu coração. A miríades de vida ele sacrificaria.."

Se Deus quiser em 7 sopros nós achamos o ouro. E tenho imaginado que realmente o maior prêmio do homem é a morte, e o prêmio tem que ser merecido, pois é precioso e distante. A lógica é quase matemática, [se] existimos, podemos sacrificar alguma coisa, [e se] depois de sacrificar alguma coisa, podemos sacrificar mais - enquanto vivermos poderemos sempre sacrificar alguma coisa, até que finalmente possamos abandonar esse mundo, ainda em espírito de sacrifício. Sem limites, isso é o mais importante, e seria o mais ambicioso que poderíamos alcançar nesse mundo extremamente atribulado.

"fizemos da morte a mensageira de teu júbilo, por que lamentas?"

E eles ainda dizem "lá em casa a última palavra é minha", e elas "Vem já pra cá!" - "Sim senhora! Já estou indo". Isso mostra que somos todos iguais, menos lá no oriente, e aqui no ocidente. Mas eles que se entendam, e encontrem o meio-termo. Estava mesmo pensando na OPEP...

domingo, 26 de abril de 2009

Abstraindo

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Dia frio e cinza
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sábado, 25 de abril de 2009

Democracia e unidade

"Sem a veracidade, o progresso e o êxito, em todos os mundos de Deus, são impossíveis para qualquer alma"

Uma idéia é fundamentada na verdade, pois se assim não fosse, não teria nenhum valor significativo. A verdade é uma qualidade espiritual que como todas as outras, depende de outras. Assim, ela só pode ser alcançada através de certos pré-requisitos essenciais.

Começamos assim para dizer que determinada verdade, ou idéia, só se pode revelar quando as intenções e ações são puras e boas, como também deve existir certo espírito de justiça e imparcialidade, cortesia e camaradagem. Alguns meios são mais frutíferos que outros, mas em decisões coletivas, o que determina são as intenções do conjunto.

Se perguntarem se a democracia é um bom sistema, podemos responder afirmativamente: a democracia é um ótimo sistema, dinâmico e moderno. A razão está na difusão de certas verdades essenciais ao bem-estar humano. Pois na época em que vivemos, é mais importante "acertar na primeira" do que a unidade entre as pessoas? Acredito que não, em nome do bem-estar geral, a unidade deve prevalecer na maioria dos casos. O indivíduo antes de dar sua sugestão deve saber de suas próprias intenções, e falar como se a opinião não fosse mais dele, mas do grupo; se insistir em sua própria opinião significa que não confia no grupo, ou demonstra parcialidade - não é errado discordar ou duvidar, só que a aceitação é uma qualidade, é expressão de fé e união, que irá fortalecer o grupo e o indivíduo, o que tornará ainda, legítima qualquer ação, mesmo que não seja a mais correta. Além disso, quando existe consenso, é muito mais fácil e rápido detectar e corrigir qualquer falha.

"não é fácil de aprender e aplicar, exigindo, como se faz, a sujeição de todo egoísmo e paixões incontroláveis ao cultivo da franqueza e liberdade de pensamento e expressão, como também cortesia, abertura mental e aquiescência sincera à decisão da maioria."

Nossa democracia ainda é incompleta por causa das disputas. Na verdade nós estamos habituados com elas, e esquecemos do verdadeiro poder e significado da unidade. Em um documentário, um americano afirma que a política deveria alistar recursos humanos, e que este dever é esquecido e que a disputa se tornou a tendência. As discussões de opiniões geralmente visam enaltecer um partido ou representante. A verdade pode ser revelada em um grupo onde algumas pessoas tem por meta convencer o máximo possível para suas idéias? A verdade é uma qualidade espiritual, e a unidade é a que mais fornece força e vitalidade.

"Deixe sua visão abraçar o mundo."

Disseram um dia: "a democracia nada mais é, do que a ditadura da maioria sobre a minoria." Será? Os homens nunca chegam a um consenso sobre suas decisões, e então, a maioria dos que tem os mesmos ideais é que devem escolher. Nossa história diz que desde tempos imemoriais, "a maioria" tem causado inúmeras desgraças aos longos dos séculos. E também é verdade que muitas "maiorias" tem reivindicado direitos de seus concidadãos. Assim, a história gosta disso ou não? O carioca tinha razão ou não tinha?

Mas se fosse apenas reivindicação isso nos seria suficiente, mas a maioria daqueles que permanecem inconscientes de um relativo espírito fraternal, tem causado sofrimento e morte de tantos gênios, santos e profetas, dos grandes Manifestantes de Deus e os mais exaltados entre as qualidades humanas - quem, pois, atiraria alguma pedra em qualquer um que fale sobre "amor" ? Embora isso seja inaceitável a nossos olhos, é exatamente o que acontece por muitos milênios.

"a rosa é bela, não importa em que jardim floresça.."

Todos aqueles dentre os defensores da paz estarão entre os perseguidos - Sócrates não concordava com a idéia de que a maioria pudesse escolher; ou que a maioria tivesse razão. Sócrates, havia sido rejeitado, pois, pela maioria, e morto defendendo seus ideais. Mas suas idéias permeiam a sociedade até hoje. Nosso amado Cristo foi perseguido, e sua morte foi por decisão da maioria.

Passado tanta experiência, temos que arriscar que esta é uma lei espiritual, pois todos os grandes homens tiveram de aceitar seu destino e em suas épocas foram frequentemente considerados os mais insignificantes dos que viviam sobre a terra, e se tornaram os mais gloriosos dos homens - enquanto que os homens de poder e soberania material, de certa classe e nobreza, vieram a ser julgados como opositores opressores, e os piores tiranos, como também entre aqueles que pereceram sem nem mesmo se tornarem conhecidos.

Os poderosos da terra se aliam contra aquele, ou aquela idéia que os ameaça. Percebem que a ameaça é real, por isso imaginam que poderão extinguir certa idéia utilizando seus meios e poderes; esquecem que Deus é o verdadeiro Soberano, e que se suas ações não estiverem de acordo com Sua Vontade, suas más ações servirão apenas para alastrar ainda mais sua própria decadência e desespero, e enaltecer o novo ideal. Assim tem sido desde tempos muito antigos.

"Se não fosse o frio, como prevaleceria o calor de Tuas palavras? E se não fosse a calamidade, como brilharia o Sol de Tua paciência?"

Como nesta analogia, no amanhecerl em uma cordilheira, os picos das montanhas são as primeiras a receber a luz do sol, e esta luz se reflete para os lugares mais escuros - em tempos antigos, certos homens possuiam um conhecimento que atraia muita gente devido a sabedoria e expressão, foram eles grandes educadores das massas - conforme o dia vai clareando, a luz do sol vai atingindo partes cada vez mais profundas das montanhas, até que finalmente, não reste nenhuma parte da montanha que não esteja iluminada - em tempos mais recentes, a maioria das pessoas tem acesso à educação, a informação, a dar opiniões, a buscar a verdade, a escolher a própria fé e são espiritualmente independentes. Em nossa época, o conhecimento é como a luz do sol do meio dia, e não mais como a do amanhecer; tanto maior é a luz que se irradia, tanto maior é a exigência ao coração humano.

Isso quer dizer que, apesar de a maioria ter tendência a se opor às verdades, atualmente o conhecimento não depende mais de apenas umas poucas pessoas, mas de muitas, para não dizer, de todas. As informações fluem como um rio, e para todos os lugares - mesmo em lugares desérticos, acabam por aparecer nascentes que fazem brotar um formidável vale de conhecimento.

"Decretamos, ó povo, que o fim supremo e final de toda a erudição seja o reconhecimento d'Aquele que é o Objeto de todo o conhecimento; .."

"Todos os homens foram criados a fim de levarem avante uma civilização destinada a evoluir para sempre."



(frases em itálico são das Escrituras Bahá'ís)

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Por que "oxítonas" é proparoxítona e "proparoxítonas" não é oxítona?

O mais importante da reforma ortografica e que nao sei mais escrever portugues direito, e vai demorar algum tempo para aprender. E entao, para evitar muitos erros, vou tirar todos os acentos e hifens, o que vai ser joia. E a primeira coisa que deveriamos fazer, era comprar um desses dicionarios novos e atualizados ou usar um daqueles corretores ortograficos online, ou baixar um programa pra fazer isso por nos:

http://superdownloads.uol.com.br/download/115/flip-corretor-ortografico-online-normas-do-acordo-ortografico/

Se, por acaso, dois japoneses precisam falar ingles para se comunicar, isso significa que um brasileiro e um português que falam 'português', não precisariam escrever de forma diferente as coisas que falam - e que a não ser a necessidade de corretores onlines, parece que além de não nos afetar, nos confunde e atrapalha muita gente, mas na mesma intensidade que agora não sabemos nada a respeito de uma nova ortografia - e já que eu mesmo já nao sabia nada sobre a antiga - também será muito útil para qualquer um que queira aprender português, e que embora não pareça, porque também quem ja saiu do país e arriscou uma conversa em outra língua, sabe o quanto difícil é se comunicar com pessoas de diferentes origens, e que apesar de tudo, são também homens.

A língua é uma dificuldade global, eu imagino, e pelo menos um pouco de inglês nós sabemos. Talvez por isso de antigamente existirem tantos conflitos, se eles falam diferente e vivem diferente, devem ser 'inimigos' - se nos entendemos, podemos ser amigos, talvez. E as oxítonas continuam sendo proparoxítonas, o que quer que isso signifique, é melhor não pensar muito a respeito - o mundo esta amadurecendo, mas quais vão ser os sinais da maturidade do mundo? Talvez quando qualquer homem considerar todos os homens como iguais, e talvez até irmãos.

terça-feira, 14 de abril de 2009

"Se o amor de Deus não existisse.."

por 'Abdu'l-Bahá

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Consideremos, em segundo lugar, o amor de Deus, cuja luz brilha da lâmpada do coração de quem O conhece, cujos raios cintilantes iluminam o horizonte, concedendo ao homem a vida do Reino Divino. Em verdade, o fruto da existência humana é o amor de Deus, pois é o espírito da vida, e a graça eterna. Não fosse o amor de Deus, o mundo contingente estaria envolto em trevas; sem este amor de Deus, o coração do homem perderia até a sensação de existir, estaria, de fato, como morto. Se o amor de Deus não existisse, estaria desfeita a união espiritual, e não se irradiaria sua luz sobre a humanidade – não mais haveriam de abraçar-se Oriente e Ocidente, como dois amigos afetuosos. Não fosse o amor de Deus, a desunião não se transformaria em fraternidade, a indiferença não cederia lugar à afeição, a estranheza não se tornaria a amizade. O amor existe no mundo humano origina-se do amor de Deus; graças à Sua bondade e benevolência é que se manifesta.

É claro que a realidade do homem apresenta divergências, tanto de opinião, como de sentimento. Esta diferença de opinião, de pensamento, de inteligência e de afetos verificada na espécie humana, provém de uma necessidade essencial, pois a diferença de grau que se manifesta entre as criaturas é um dos imperativos da existência, a qual se revela numa infinidade de formas. Necessitamos, portanto, de um poder soberano que domine os sentimentos, opiniões e pensamentos de todos, anule os efeitos destas divisões, e leve à união todos os membros individuais da humanidade. É claro, é evidente, que este grandíssimo poder no mundo humano é o amor de Deus. Ele reúne os vários povos sob um mesmo teto de afeição fraternal, e põe entre nações hostis e famílias inimigas o amor e a união.

Vemos, depois de Cristo, quantas nações, raças, tribos e famílias vieram abrigar-se à sombra do Verbo de Deus, graças ao poder de Seu amor, e tanto assim que desapareceram completamente dissensões e diferenças que por mil anos haviam persistido. Desapareceu qualquer pensamento de raça ou pátria; as almas uniram-se, e todos tornaram-se espirituais, verdadeiros cristãos.

A terceira virtude humana é a boa vontade, base das boas ações. Alguns filósofos consideram a intenção como superior à ação, sendo a boa vontade luz absoluta, pura e santificada, isenta do egoísmo, da inimizade, da decepção. É possível um homem cometer um ato, aparentemente reto, porém motivado pela cobiça. Um carniceiro, por exemplo, cria um carneiro e protege-o, mas sua boa ação é ditada pelo desejo de obter lucro; todo seu cuidado tem por fim a matança do pobre animal! Quantas boas ações são ditadas pela cobiça! A boa vontade, porém, é santificada e isenta de tais impurezas.

Numa palavra, se ao conhecimento de Deus acrescentarmos o amor a Ele e também a atração, o êxtase, e a boa vontade, teremos um ato reto realmente íntegro, perfeito. Em caso contrário, se não for sustentada pelo conhecimento de Deus, pelo amor a Ele, e por uma intenção sincera, a boa ação, embora louvável, será imperfeita. Consideremos o exemplo do corpo humano: para que seja perfeito, deve reunir todas as perfeições. Não lhe basta a visão, embora esta seja extremamente preciosa; a audição é imprescindível. A audição também é muito apreciável, mas o poder da linguagem lhe deve servir de auxílio e este, por mais importante que seja, depende, por sua vez, do raciocínio; e assim por diante. Só quando o homem possui todos estes poderes – todos os órgãos e membros do corpo, e todos os sentidos – é ele realmente perfeito.

Encontramos hoje no mundo pessoas que sinceramente desejam o bem universal, fazem tudo ao seu alcance para proteger os oprimidos e auxiliar os pobres, e se dedicam com entusiasmo à causa da paz e bem-estar universais. Embora tais pessoas sejam perfeitas sob este ponto de vista, não o são na realidade, enquanto privadas do conhecimento e do amor de Deus.

Galeno, o médico, comentando em seu livro o tratado de Platão sobre a arte de governar, diz que os princípios fundamentais da religião concorrem muito para o estabelecimento de uma civilização perfeita, porque "a multidão não pode compreender a relevância das palavras descritivas, e portanto precisa de palavras simbólicas que anunciam recompensas e punições no outro mundo; e o que prova a verdade desta afirmação," diz ele, "é que vemos hoje um novo chamado cristão, acreditando em recompensas e punições, e os atos dessa seita são tão belos como os de um verdadeiro filósofo. Assim todos observamos claramente que eles não têm medo da morte, esperam e desejam da multidão só a justiça e a equidade, e são considerados verdadeiros filósofos".

Vejamos o grau de sinceridade e fervor demonstrado por um crente em Cristo; consideremos a elevação de seus sentimentos espirituais e de seu conceito de amizade, e a nobreza de suas ações, ao ponto de ter razão Galeno, embora não pertencendo à religião cristã, quando ao testemunhar a boa moral e as virtudes de seus adeptos, proclamou que eram verdadeiros filósofos. Mas essas virtudes, essa moral, não provinham apenas das boas ações, pois se a virtude consistisse simplesmente em se obter e transmitir o bem, então por que não louvarmos esta lâmpada que ilumina a casa, e cuja iluminação é, sem dúvida, um benefício? Do sol depende o crescimento de todos os seres da terra; graças ao seu calor e à sua luz é que todos se desenvolvem. Existe benefício maior? Por não se originar na boa vontade, entretanto, nem no amor, nem no conhecimento de Deus, tamanho benefício é imperfeito.
Quando um homem, porém, oferece a outro um simples copo de água, este sente-se grato e manifesta gratidão. Alguém, sem refletir, dirá: esse sol que dá luz ao mundo merece adoração e louvor pela suprema bondade que manifesta; por que não devemos ser gratos ao sol pelas suas graças, quando louvamos um homem por um simples ato de bondade? Ao tentarmos discernir a verdade, porém, vemos que o ato bondoso do homem, embora insignificante, provém de sentimentos conscientes que existem, e por isso é louvável, enquanto a luz e o calor do sol não são devidos a sentimentos conscientes e não merecem, pois, nossos louvores e agradecimentos, ou nossa gratidão.

Do mesmo modo, a boa ação de uma pessoa, por mais louvável que seja, quando não é motivada pelo conhecimento de Deus nem pelo amor a Ele, é imperfeita. Também, se refletirmos, perceberemos que até as boas ações de pessoas ignorantes de Deus são, fundamentalmente, devidas aos ensinamentos de Deus. Antigos Profetas induziram os homens a fazer o bem, demonstrando-lhes a beleza e os excelentes efeitos da boa ação, e assim vinham se difundindo entre os homens, um após outro, Seus ensinamentos, permitindo que seus corações se inclinassem a estas perfeições. Vendo, pois, a beleza da boa ação, e verificando quanto concorria para a felicidade da espécie humana, os homens seguiam estes ensinamentos.

Vemos, então, que estas ações também são condicionadas pelos ensinamentos de Deus, embora a justiça seja necessária, a fim de perceber isso, nada valendo a controvérsia ou a discussão. Louvado seja Deus por terdes estado na Pérsia e visto como os persas, inspirados pelos sopros sagrados de Bahá'u'lláh, tornaram-se benévolos para com a humanidade. Antigamente, ao encontrarem alguém que pertencia a outra raça, sentiam grande inimizade, ódio e malevolência, e atormentavam-no; a tal ponto desprezavam qualquer estranho que jogavam terra sobre ele. Queimavam o Evangelho e o Velho Testamento, e então lavavam as mãos por acharem-nas poluídas pelo contato. Mas hoje, em suas reuniões e assembléias, a maioria deles recita e entoa o conteúdo destes dois Livros, expondo seus sentidos esotéricos. E demonstram hospitalidade até para com os inimigos. De lobos sanguinários, transformaram-se em gazelas meigas, nas planícies do amor divino. Tendes visto os seus costumes e hábitos e ouvido o que contam acerca dos persas antigos. Será possível que tamanha transformação moral, que tão grande melhora em sua conduta e em suas palavras, tenha sido efetuada de outra maneira senão através do amor divino? Não, em nome de Deus. Se quiséssemos introduzir essa moral, esses costumes, por meio da ciência ou de qualquer conhecimento material, levaríamos mil anos, e mesmo assim não teríamos conseguido disseminá-los completamente entre as massas.

Hoje, graças ao amor de Deus, com a maior facilidade tudo isto é conseguido.
Sede, pois, vigilantes, ó possuidores de inteligência!

"

('Abdu'l-Bahá, Respostas a Algumas Perguntas)

domingo, 12 de abril de 2009

Só sei que nada sei

Certo, estes são aqueles dias chuvosos dos quais podemos escrever algo sobre várias coisas por horas, mesmo que seja sobre "nada" e que principalmente, não faça o menor sentido. Agora estou disposto a fazer isso, pelo bem daquilo que não sei, e que felicidade! Pois nem mesmo sei por onde começar!

Ja disse Sócrates que existe algo que sabemos "que nada sabemos", e que a difusão de suas idéias teriam sido facilmente dissolvidas se ele vivesse em nossa época hiper-atribulada e desenvolvida - sua perseguição, seria, portanto diferente do da época, se bem que a humanidade é a mesma, mas seus propósitos são diferentes. Porque hoje podemos escalar uma montanha, e fincar uma bandeira, olhar as horas, abrir o notebook, e exclamar surpreso: "Nossa! Meu 3G pega aqui em cima!"

Nós enfrentamos problemas únicos, isso é bom e ruim. É ruim porque estamos a beira de um colapso político, social, econômico, etc., e é bom porque significa que não estamos andando em círculos [talvez em uma elipse], ou talvez em espiral, uma espiral logarítmica seria um bom exemplo.

Os problemas são únicos, porque veja bem, Lincoln, o político americano, nunca teve oportunidade de enviar E-mail, assim nunca teve problemas de SPAMs, e também certamente nunca foi a Londres de avião, assim nem imaginou o que seriam as esperas em um aeroporto; imagina se Faraday fosse até o seu "orelhão" mais próximo, e telefonasse a cobrar para algum membro da Royal Society para discutir o advento do magnetismo e eletricidade.

Quem diria que celulares de 80 g, teriam os mesmos jogos que num tempo só rodavam em consoles de 1 kg, - e em cpus de 8? Nossa época é tão exponencial que um homem que existiu há 10 anos atrás, ficou sem conviver com uma torrente de mudanças mundiais e explosões tecnológicas. Isso em 10 anos.

História? Não sei de nada, de Egito, Roma, Grécia, etc, etc... e assim por diante, mas a meu ver, não existe paralelo algum em idéias, invenções e criatividade, quanto existem hoje. Isso sem desprezá-los, pois chegamos até aqui por causa deles, a fruta não despreza a semente de que se formou, eles tiveram seus próprios problemas. Serve para dizer que nossos problemas são novos, e que uma grande quantidade de mistérios nos envolvem nessa época.

Se formos pensar bem, a quantidade de gênios e talentosos artistas, e também os inúmeros líderes defensores dos direitos humanos, foram tantos, que mal convém a nós imaginar que o destino da humanidade dependeu de um ou de outro, mas do conjunto [o que inclui os anônimos]. A graça está verdadeiramente nisso. Até as armas de destruição em massa tiveram trabalho conjunto e dos recursos das mais diversas nações. As melhoras e as guerras são vistas pelo mundo inteiro, e também os desastres, as tragédias - tudo é testemunhado sob diferentes pontos de vista, e cada qual dos diferentes líderes, destes diferentes países tomam suas próprias decisões, baseadas nas mais diversas reações e ações. Parece haver uma dinâmica misteriosa, e que talvez esteja mais visível nos dias de hoje.

Essa dinâmica pode ser relacionada a dinâmica do peixe. O peixe diz que "adora sorvete" e que "gostaria de um napolitano, se soubesse o que isso significa". Esta dinâmica é o fato de que o peixe não pode voar, assim ele não sabe o que é "ar" - a menos que algo interfira. Para ele água e ar é a mesma coisa. Essa é a lei da natureza e o peixe obedece, sem perceber. Nós humanos, somos muito parecidos, só que sabemos o que significa "napolitano"; nós temos o dom do pensamento, e da imaginação, nós temos consciência de um propósito. Assim, quando qualquer lei física nos atrapalha, nós tentamos driblá-las [como no futebol] para viver melhor. Quando queremos ir de São Paulo a Amsterdam, nós não andamos, nem nadamos, nós voamos - se bem que não temos asas - mas alguém resolveu que poderia enganar a gravidade em nome da facilidade.

Mas algumas coisas não podemos controlar [ou muitas] e que estamos submissos, como nas leis dos peixes. Nós somos escravos do amor, e buscamos eternamente a felicidade, alguns procuram a Presença do Criador, outros a própria exaltação terrena - no entanto, ninguém escapa desse grandioso mar das escolhas. Nesse mar todos são livres para encontrar suas pérolas, e descobrir de suas anêmonas os mistérios divinos. Infelizmente, uma pequena dose de veneno, é capaz de nos privar por completo destas dádivas preciosas.

O que convém ao mundo é volver a face para Deus, e lá procurar conforto e força - pois nas leis aquáticas nunca encontraremos paz e tranquilidade, mas nas leis espirituais sim - as leis da alma permite que nós "saiamos do caminho" e deixemos que a tacada "perfeita nos escolha". As transformações essenciais que existem no espírito humano e que se refletem na civilização mundial estão subjulgadas a leis que não temos controle nenhum. É como se o peixe com frio quisesse esquentar a água, e começasse a chacoalhar com todas as forças até que o mar fique em uma temperatura adequada - o que é impossível para este pobre diabo - seria mais fácil ele "sozinho", procurar um lugar mais quente para viver.

A resolução imediata das guerras e conflitos, dos problemas sociais, dos efeitos no meio ambiente, e a tentativa de retormar os afazeres humanos, não podem, de alguma forma, eliminar as causas básicas de qualquer conflito e dificuldade, antes, as soluções devem ser elevadas ao plano de princípios. O que a humanidade quer é invocar atos de amor, fé e sacrifício - o qual é inerente à natureza essencial dos seres humanos. Se existe uma preocupação real, esta preocupação deve ser voltada aos espelhos de nossos próprios corações - a humanidade sempre vai existir, nós não, nós vamos viver por um curto período; a humanidade vai resolver e solucionar todos os problemas [embora os problemas sempre existirem], mas é possível que passemos por essa vida, sem que solucionemos nossos próprios problemas existenciais; a humanidade sempre vai existir, e a sociedade irá descobrir outras tantas torrentes de descobertas e potencialidades que jamais poderemos imaginar ou sonhar, e nós teremos perdido a oportunidade de descobrir nossas próprias potencialidades.

Ah! Se apenas pudéssemos parar de tentar esquentar a água, e procurarmos aquele lugar morno em que todo o verdadeiro "peixe" almeja alcançar, teríamos encontrado, com absoluta certeza, a chave que esquentaria o mundo, e mais além.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Televisão, ou, Costa a Costa Com Um Corvo

por William Sears

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Marguerite estava um pouco aborrecida porque eu estava levando apenas uma pequena mala com roupas mas outras seis cheias de livros.

"Eu gosto de ler", disse-lhe.
"Você não vai ter tempo de ler na África."
"Notei que você está levando seu vestido azul-celeste, para grandes ocasiões."
"Talvez eu tenha que me arrumar para o jantar em alguma noite."
"Arrumar-se?" eu ri. "Talvez você tenha que subir numa árvore, isso sim!"

Dentro de poucos dias, Michael, Billy, Marguerite e eu estaríamos navegando para a Cidade do Cabo, a bordo doAfrican Sun. Seria para mim, a primeira etapa de uma jornada que me levaria para mais de 400.000 kms através da África, Europa, América do Norte e do Sul, Ásia, Austrália, e as ilhas do Pacífico, o equivalente a dez vezes a volta ao mundo.

Eu tinha acabado de dizer adeus para um emprego na televisão, que me renderia para começar $50.000 ano ano. No entanto, meu coração estava tão leve quanto uma pétala seca. Rodopiei com Marguerite e lhe dei um sonoro beijo.

"Diga-me princesa", perguntei, "isto está realmente acontecendo com aquele garoto de Minnesota, ou fiquei louco?"

Billy disse: "Eu sei qual é a resposta para isso."
"Mantenha-se fora disso."

Julgando-se pelos padrões do mundo, os meus resultados profissionais não foram muito ruins. Fui para a Filadélfia, a cidade do amor fraternal, para trabalhar na WPEN, a estação do Evening Bulletin. Transmiti os jogos de basquete da Universidade da Pensilvânia e os jogos do futebol americano da Universidade Villanova. Fui o Mestre-de-Cerimônias Americano para o programa da BBC - O International-Quiz, pelo qual recebemos recentemente um prêmio. Nenhum pagamento, mas um belo prêmio. Sei agora como meu pai sentiu-se quando eu ganhei a placa pela minha primeira peça. Foi algo bonito, mas não se pode comer um prêmio.

Quando o Bulletin da Filadélfia comprou a Rádio e Televisão WCAU, mudei da rua Walnut para a Chesnut, e tornei-me um narrador esportivo para a TV.

Circulei por todo o país transmitindo jogos profissionais do Eagles da Filadélfia e toda uma temporada de jogos da Penn pela televisão.

De repente eu ganhava mais dinheiro que meus credores pediam. Então mudamos para Downington perto de Westchester. Compramos uma fazenda. Quer dizer, nós compramos uma casa com um bocado de terra. Pensei que fosse do estilo Cape Cod. Marguerite insistiu que era Colonial. Porém, acho que Billy estava certo, chamando-a de Primitivo-Índio-Americano. Havia mais buracos na casa que uma clarineta, e em dias de vento você podia ouvir a casa tocar "Onde! Oh, para onde foi meu cachorrinho?" Mas tudo bem. Marguerite ainda mantinha a casa cheia de cachorros e ninguém nunca sabia por onde eles andavam: Fafnir, Sócrates, Tristão e Isolda, Lazy Moon e Krause. Todos bassês, com exceção de Fafnir, um boxer. Que na verdade mais parecia um lutador.

Alguns meses mais tarde me ofereceram o cargo de Mestre-de-Cerimônias do concurso semifinal para Miss América. Tínhamos que escolher a Miss Filadélfia. Ed Sullivan veio de Nova York para ser um dos juízes. Esta atribuição deu-me um aumento de salário, portanto resolvemos mudar para um novo apartamento. Billy estava vibrando de emoção. Ele dizia que não era supersticioso, porém não gostava de dormir numa cama com treze. Contando os gatos e cães ele estava absolutamente correto.

No meu primeiro ano de televisão para a WCAU, a revista Guia-de-TV deu-me um "Oscar" pelo melhor show de esportes.

Era um show com muita risada. Os fanáticos pelos esportes me matariam na rua, mas aqueles que apreciavam uma risada durante o jantar, sintonizavam a estação todas as noites. Foi naquela ocasião que eu tive a idéia de usar um unicórnio (um marionete) para ajudar-me a manter corretamente os registros dos jogos. Antes que eu desenvolvesse a idéia, Paul Ritts sugeriu um esquilo, dizendo que talvez pudesse confeccioná-lo. Ele conseguiu e ficou excelente. Paul conseguia falar em mais vozes que o Coral dos Meninos de Viena, então ele tornou-se Albert, o esquilo. Ele deu também meia dúzia de outras ótimas sugestões para o show...

Albert tornou-se a personagem central do drama-comédia que Paul e eu escrevemos para a CBS. Chamava-se No Parque. Eu fazia um bondoso velho sentado num banco do Central Park e que devido sua pureza de coração, podia falar com os animais.

Paul esculpiu e modelou um corvo chamado Calvin, uma girafa Sir Geoffrey, e uma ema a Magnólia Blossom. A esposa de Paul, Mary Holliday gravava a voz de Magnólia. Ela cantava como um rouxinol e parecia uma ave do paraíso.

Paul tinha um dom fabuloso tanto para escrever como para interpretar, e não é nada fácil ser um esquilo, uma girafa, um corvo e um diretor de primeira classe. Logo, nós ganhamos os corações da América todos os domingos ao meio-dia. Durante os meses de verão, nosso programa iniciava mostrando os pés de um trabalhador varrendo a calçada no Central Park, com uma vassoura enorme. Conforme as folhas eram varridas para os lados, os títulos do programa escritos em giz no chão, iam sendo descobertos:

No Parque
Com Bill Sears
E Os Animais Amigos
De Paul Ritts e Mary Holliday

No inverno, os mesmos pés com galochas, removiam a neve, revelando os créditos.

Menciono com algun detalhes este programa por ter sido o responsável direto em direcionar minha bússola para o verdadeiro norte. Era um programa de "três risadas e uma lágrima".

Com exceção do primeiro programa, eu mesmo me maquiava. Naquela vez chamamos um técnico para fazer com que eu parecesse ter setenta e cinco anos. Sentei pacientemente enquanto ele embranquecia meu cabelo e bigode e enrugava um rosto comum, porém ainda bom. Quando ele terminou, levantei-me e olhei para o espelho. Foi uma experiência muito enervante. Eu olhava a réplica perfeita do rosto do meu avô! Tudo que eu precisava era a caixa de aveia e um garotinho para conversar e eu estaria atuando na arte de ser avô. Fiz de Albert o esquilo-listrado, o garotinho.

No segundo ano de nosso programa escrevemos um programa especial para o dia de Natal. Era sobre uma estrela na árvore de Natal de Albert, que não acendia. Gus, o esquilo-cinza que vivia numa árvore do Park, estava com sarampo, por isso nenhum dos animais queria fazer-lhe a visita natalina. Na verdade, eles decidiram ficar com todos os presentes do amigo. Calvin o corvo, disse que ele gostaria de dar algum presente de Natal para Gus - o sarampo - mas isso ele já tinha. Sir Geoffrey a girafa, humildemente admitiu que deveria haver algo de bom em Gus - "uma vez que você procurasse com uma escavadeira." Magnólia ia dar uma caneta para Gus, porém, soube - para seu total desagrado, disse ela - que ele era analfabeto. Albert comprara um par de luvas de boxe para Gus, mas havia achado alguém muito mais merecedor daquele presente, quando olhou-se no espelho aquela manhã.

Albert veio sentar-se em meu ombro. "Você não está bravo comigo, está?" perguntou.
"Não, apenas desapontado."

Ele colocou seu focinho perto de meu nariz e olhou dentro dos meus olhos. "Você tem olhos bem marrons."
"Obrigado pela informação", eu disse, repetindo as palavras de meu pai há tantos anos atrás, em Minnesota.

Albert o esquilo, disparou para dentro de seu buraco na grande árvore e voltou com uma caneca, creme de barbear, um pincel e gilete para fazer minha barba para o Natal. Ele falava enquanto trabalhava.

"Porque é que vocês humanos ficam tão bonzinhos durante duas semanas aqui no parque na época do Natal, e tão miseráveis no resto do ano? A maioria das pessoas que vem aqui durante o ano se parece com algas marinhas, mas no Natal.. com madressilvas! Como você explica isso?"

"As pessoas são como a lua", respondi. "A lua não tem luz própria. Retira tudo do sol. Quando a lua está virada para a terra é sua parte escura - não reflete luz. Porém, quando a lua desvia-se da terra e vira para o sol, vai gradualmente ficando linda. Primeiro é um fio de prata; então é um-quarto de lua, metade, três-quartos; até que finalmente quando está de costas para a terra e fica direto à frente do sol, torna-se uma grande, redonda, brilhante lua cheia. E é nesse momento que derrama toda sua luz sobre este mundo escuro."

"Mas como você fala!" disse Albert, e eu ouvia a mim mesmo falando com meu avô enquanto ele enchia a manjedoura de Bela com a forquilha.

"É assim também com as pessoas, Albert" expliquei. "Quando seus corações estão voltados para as coisas materiais deste mundo, elas são escuras. Não há luz em seus rostos ou seus corações. Mas quando elas desviam-se das coisas materiais e voltam-se para Deus, tornam-se claras e brilhantes por dentro. Na época do Natal por poucos e breves dias esquecem-se das coisas mundanas e voltam-se para Sua Santidade o Cristo, trazendo um novo espírito ao mundo e por momentos fugazes fazendo dele um lugar muito bom para se viver."

Todos os bichos entenderam. Calvin jogou marshmallows dentro da chaminé de Gus, fingindo que estava tentando bombardeá-lo em vez de ser gentil, mas eu entendi. Sir Geoffrey deu um feixe de madeira para sua lareira. "Continuo não gostando dele" disse, "mas possa não gostar dele quando estiver quentinho, da mesma forma quando estiver frio." Magnólia pediu que eu virasse meu rosto, e com um gritinho de dor, arrancou uma pena de sua cauda. Com os olhos abaixados ela disse, "É uma pena para escrever." Eu lhe disse: "É o mais lindo presente - um pedacinho de você." Albert chegou usando as luvas de boxe. "Você é uma jóia de velhote, Bill, e sei o que você quis dizer com a história, e a quem você estava se referindo; por isso vou dar a luva de boxe para Gus. Mas, vou conservá-la em minhas mãos até eu chegar lá e decidir se primeiro vou dar-lhe um bom sopapo nas fuças."

Conforme Albert saia, a música natalina aumentava de intensidade e as câmeras moviam-se lentamente em direção da árvore de Natal com sua estrela apagada. Aos poucos foi brilhando por dentro e por fim tornou-se uma brilhante e clara estrela.

Ed Sullivan assistia ao programa de sua cama de hospital em Nova Iorque. Ele nos telefonou dizendo que aquela tinha sido a mais calorosa história de Natal. E perguntou se poderíamos comparecer em seu show de variedade, oToast of the Town, no próximo domingo. Ficamos encantados, pois seus sessenta minutos eram considerados no meio televisivo como o "melhor" show de todos.

O pessoal de televisão e algumas vezes os críticos de teatro chamavam Ed Sullivan de "A Grande Face de Pedra", entre outras coisas, mas nós percebemos ao trabalhar com ele, que seu coração era tão terno quanto uma canção de ninar irlandesa, e era uma das pessoas genuinamente simpáticas do ramo.

O programa teve grande sucesso e recebemos telefonemas e telegramas do país inteiro. Ed teve a gentileza de convidar-nos uma segunda vez para aparecermos no dia de São Patrício.

No entanto, foi durante a transmissão da semana de Natal, em Toas of the Town, que Albert reconduziu-me à trilha. Olhando-me com aquele tremendamente humano trejeito de cabeça que foi aperfeiçoado por Paul, ecoou palavras que meu avô e eu disséramos no dia do grande incêndio.

"É engraçado. Aqui estamos nós: você um homem velho, eu um jovem. E falamos sobre Deus. E gostando disso. Como você explica isso?"

Sorri. "Talvez porque você seja um jovem rapaz e eu sou um homem velho. Você está perto de Deus de um lado, e eu perto Dele do outro. As pessoas no meio de nós parecem ter-se esquecido."

Estava de volta ao celeiro naquele sonolento vilarejo fora de moda, Aitkin, Minnesota. Estava de novo sentado na caixa de aveia, perguntando, perguntando, com vovô sempre respondendo. Quase que eu abaixei e dei em Albert aquela esfregadela com as suíças.

Ao término de nosso programa com as luzes se acendendo na estrela e ao som da maravilhosa música de Ray Bloch e sua orquestra, houve uma breve entrevista com Ed Sullivan à frente das cortinas.

Ele contou a história de ter acabado de assistir ao programa da cama do hospital, e assegurou a todos que eu não era tão velho quanto parecia. Mencionei em nome dos familiares em Milwaukee e em Minnesota que pudessem estar assistindo que não era o avô Wagner que eles viam, nem que eu tinha de repente ficado velho por trabalhar na indústria de televisão. Eu esperava que vovô estivesse assistindo o programa e que o eco de sua própria voz tivesse agradado.

Marguerite e Billy e Michael me levaram de volta de Nova Jersey para Filadélfia. Eu estava muito silencioso. As palavras de Albert me fizeram com que eu pensasse. Teria eu virado meu rosto por inteiro ao sol? Recebi um telegrama de meu avô no dia seguinte. Era como se ele tivesse lido meu pensamento: Dizia apenas:

"Não derruba a tocha!"

Uns domingos mais tarde fizemos um programa contando como foi exatamente que o velho apareceu no parque, e porque ele começou a falar com animais. Senti-me esquisito ao escrevermos o roteiro. Era um surpreendente mas não intencional paralelo de minha própria vida:

O velho "Bill" de acordo com o roteiro tinha sido um jovem energético, executivo, publicitário, com um corte de cabelo à escovinha, uma pasta e um lugar constante no trem de Stamford, Connecticut. Ele era, oh, tão ocupado com tantas coisas importantes. Acelere, acelere, acelere! Até que um dia ele percebeu que estava perdendo muito mais do que estava ganhando, por isso ele jogou sua pasta na lata de lixo, andou pelo parque, e sentou-se num banco perto da árvore do Albert.

Em sua mente ele repetia uma canção infantil que cantava quando criança:

"Para onde corres tão rápido, ó velho pai,
O que procuras que não podes parar?"
"Procuro o horizonte e quem pode me ajudar,
Pois quanto mais corro, mais rápido ele se esvai!"

"Bill" decidiu sair da rotina, voltar e fazer as coisas que desde menino, em seu coração queria fazer. Ele queria ser escritor e falar de belas coisas da vida. Então comprou uma caderneta de dez centavos e sentou-se no banco e escreveu: Bill Sears, Minha Vida. Olhou para cima e viu Albert, o esquilo olhando para ele.

"Bom dia", cumprimentou Albert alegremente. "Estivemos esperando por você."

Sabe quando às vezes, alguém murmura ou canta a mesma canção e por horas ou dias você a repete e não consegue tirá-la da sua mente? Eu estava tendo esse problema com a cantiga. Fui até o clube jogar golfe com Bill Hart, Alan Scott e Gene Crane. Nem ouvi os insultos criativos durante a partida, alguns deles, soube mais tarde, eram baseados em simples mitos clássicos! Tudo que eu ouvia era:

"Para onde corres tão rápido, homenzinho?"
Bill Sears, Minha Vida.
"O que procuras que não podes parar?"
Bill Sears, Minha Vida.

"
(A Graça de Deus, William Sears)

domingo, 5 de abril de 2009

O viajante perdido no deserto

por Howard Colby Ives

"
Uma vez um viajante estava perdido em denso deserto.
Parecia que andava desolado, desde tempos ilimitados.
Nenhum caminho havia; nem sol, por meio do qual se orientar.
As urzes laceravam-lhe a carne, vento e chuva impiedosos despejavam sua ira. Ele não tinha lar.
Então, repentinamente, quando a esperança ia fenecendo, ele chegou ao flanco de uma montanha que sobranceava um vale encantador, no qual havia um palácio celestial, o próprio Lar dos seus sonhos.
Com indescritível júbilo, precipitou-se a entrar.
Mas mal colocara os pés no pátio, quando uma mão pesada lhe agarrou o pescoço e ele de novo se viu naquele terrível deserto.
Agora porém, não estava ele sem esperança. Tinha visto o seu lar.
E com uma coragem antes desconhecida, saiu à sua procura.
Foi mais cuidadoso agora. Esquadrinhou os sinais do Caminho.
E empenhou-se em atravessar a escuridão ameaçadora para vislumbrar a luz.
E, após cansativa busca, novamente viu o seu lar.
Agora foi mais cuidadoso. Não se precipitou a entrar.
Ele observou onde se situava. Orientou-se pelo sol.
E, mansamente, seus pés reverentes entraram.
Mas, ah! Novamente a mão pesada o puxou daquele lar querido e ele mais uma vez se viu de volta ao vasto deserto.
Mas agora seu coração de modo algum estava abatido.
Ele possuia orientação! E, com grande júbilo, novamente saiu à sua busca.
E agora ele marcou as árvores, para que pudesse achar o caminho de novo.
O céu ficou mais claro sobre sua cabeça e os raios do sol ajudaram.
E logo, muito mais cedo do que antes, achou de novo seu lar e lá entrou.
Desta vez, sentiu-se mais calmo e seguro.
Desta vez, nenhum medo teve da mão que o agarrava.
E quando ela veio e o agarrou, e ele voltou àquele deserto vil das coisas terrenas,
apressou-se, com pés firmes, na sua busca.
Plenamente, agora, o Sol resplandecia. As canções dos pássaros lhe encantavam os ouvidos.
E agora abriu um Caminho e, arrancando a vegetação que o embargava, seguia.
Pois bem sabia que muitas vezes por este caminho, teria ele de ir e vir, enquanto neste mundo.
Mas encontrava seu lar, e quando o rugido dos homens perturbava,
E vinha a escuridão, às pressas, ele voltava do eu para Deus.

"
(Portais para liberdade, Howard Colby Ives)